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Operador Yilport diz que greve de estivadores pode pôr em causa investimentos futuros
O grupo portuário Yilport disse esta quinta-feira que a greve dos estivadores reduziu em 40% o volume movimentado nos portos de Lisboa e Setúbal em que opera e que o regresso de protestos pode pôr em causa investimentos futuros.
"Esta greve ocasiona perda de volumes e sem volumes é verdadeiramente difícil investir no futuro dos portos e este tipo de greves prejudica as discussões sobre os termos das novas concessões. No entanto, somos parte de uma cadeia de distribuição e sem determos a mesma intenção dos parceiros como sejam o Sindicato de Lisboa, os armadores, operadores logísticos e autoridades, é quase impossível atingir os tão desejados padrões globais, e manter a indústria portuguesa competitiva e atractiva no mercado", lê-se no comunicado hoje divulgado pela Yilport, que pertence ao grupo turco Yildirim.
A empresa diz que está "disposta a investir mais [em Portugal] no sentido de proporcionar melhores serviços aos exportadores e importadores portugueses", mas que adianta também que o regresso dos protestos tem efeitos negativos.
Depois da greve de estivadores de 2016, refere a Yilport que "durante mais de um ano o Sindicato de Lisboa manteve-se tranquilo, o que constituiu uma grande ajuda para recuperar a percepção negativa em relação à indústria na área de Lisboa", e que foi por essa paz que convenceu "novos serviços a escalar a Liscont este ano", pelo que espera agora que "esta greve, que não está directamente relacionada com os portos afectados, chegue ao fim em breve".
Sobre o impacto da greve, a Yilport fala numa "redução no volume movimentado na ordem dos 40% devido à falta de trabalhadores" nos portos Yilport Liscont (em Alcântara, Lisboa), Yilport Sotagus (Rua Cintura do Porto de Lisba) e Yilport Setúbal (Sadoport) e considera que estas perdas no movimento de cargas "leva a que os clientes prefiram terminais a norte ou a sul, em detrimento dos terminais de Lisboa".
Além disso, acrescenta, a greve afecta a sustentabilidade e a imagem do sistema portuário português.
A empresa apelida esta greve de "surpreendente", uma vez que, diz, foi marcada após "se ter assegurado, em conjunto com todos os operadores portuários de Lisboa, um acordo forte e positivo com o Sindicato de Lisboa num recente processo negocia", ainda que saiba que "o principal motivo da greve não está directamente relacionado com qualquer discussão em curso em Lisboa ou com as condições na Yilport Liscont, Yilport Sotagus e Yilport Setúbal".
Contudo, lamenta que "seja novamente o porto de Lisboa o mais afectado, e especificamente para a Yilport, os terminais da Yilport Liscont, Yilport Sotagus [ambos em Lisboa] e Yilport Setúbal (Sadoport)"
Sobre as relações com o Sindicato de Lisboa, diz a Yilport que "vão continuar a melhorar dia a dia com o fim último de oferecer padrões globais de serviço aos carregadores e contribuir positivamente para a economia portuguesa".
Os trabalhadores portuários associados ao SEAL- Sindicato dos Estivadores e Actividade Logística estão em greve ao trabalho suplementar entre 10 de Setembro e 8 de Outubro, reivindicando liberdade de filiação sindical.
A greve abrange as empresas de estiva e de trabalho portuário dos portos de Lisboa, Setúbal, Sines, Figueira da Foz, Leixões, Caniçal (Madeira), Ponta Delgada (Açores) e Praia da Vitória (Açores).
De acordo com o sindicato, na base da paralisação está "a crescente proliferação de práticas anti-sindicais nos diversos portos portugueses, revestindo-se estas de extrema gravidade no porto de Leixões, permanecendo ainda graves no porto do Caniçal".
No porto da Figueira da Foz foi ainda marcada uma greve de dois dias integrais por semana, entre 20 de Setembro e 8 de Outubro, contra alegadas situações de "coacção e discriminação" de trabalhadores.
O grupo Yilport opera, em Portugal, nos portos de Lisboa, Setúbal, Aveiro, Figueira da Foz e Leixões.