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Acionistas da Groundforce destituem ex-CEO Paulo Leite por atos que "lesaram empresa"

A assembleia-geral de acionistas da Groundforce deliberou hoje a "destituição por justa causa e com efeitos imediatos" de Paulo Leite, ex-presidente executivo (CEO) do grupo por atos de gestão "que lesaram a empresa", de acordo com um comunicado.

Alfredo Casimiro lidera o grupo Urbanos, dono da empresa insolvente.
DR
10 de Maio de 2021 às 17:57
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Na nota, a Pasogal, de Alfredo Casimiro, principal acionista da empresa de 'handling', refere que foi decidida hoje, "por unanimidade, a destituição por justa causa e com efeitos imediatos do Eng. Paulo Leite, que foi até há pouco o CEO da empresa".

"Esta deliberação fundamenta-se na prática de sucessivos atos de gestão que lesaram a empresa, bem como de notícias alimentadas pelo próprio e nunca desmentidas, que contribuíram para a deterioração do ambiente interno e da relação entre os seus acionistas", refere.

"Ao CEO e à Comissão Executiva exigia-se o foco total na gestão do 'dossier' do empréstimo bancário no valor de 30 milhões de euros, com aval do Estado (através do Banco de Fomento), de que a empresa dependia para sobreviver", diz o comunicado, que acusa Paulo Leite de uma atuação "pautada por jogadas e intrigas políticas, por omissão de informação, por mentiras e por manobras pérfidas que tiveram como único objetivo a desestabilização da empresa, o prejuízo da imagem púbica e privada dos seus acionistas".

Segundo a mesma nota, o alegado objetivo seria "operar o tão noticiado 'MBO' [management buy-out, quando os gestores compram a empresa], que só a ele interessava e que pretendia afastar de cena o acionista que o tinha nomeado".

"A atitude do Eng. Paulo Leite, nomeadamente a sua conduta no processo do empréstimo e nos eventos que se lhe seguiram, estão a ser objeto de uma rigorosa auditoria legal e o Conselho de Administração da Pasogal não afasta a hipótese de o vir a responsabilizar criminalmente por gestão danosa, designadamente pela utilização e divulgação a terceiros de informação sigilosa da empresa e dos seus acionistas, obtida no âmbito das suas funções de administrador", admite ainda a Pasogal.  

"A conduta desleal e irresponsável do eng. Paulo Leite colocou em risco todo o trabalho que foi desenvolvido na empresa desde a sua reprivatização, em 2012, e destruiu muito do valor criado pelos trabalhadores e diretores da empresa", remata, na mesma nota.

O principal acionista da Groundforce anunciou este fim de semana, em comunicado, ter contratado o banco Nomura para assessorar a venda da participação de 50,1% da Pasogal na empresa, e pediu "especial atenção" ao possível negócio com Aviapartner.

Sobre a disponibilidade da Pasogal para vender a sua participação na Groundforce, detida em 49,9% pelo grupo TAP, Alfredo Casimiro diz "confirmar" ter contratado o Banco Nomura para assessor a venda.

"Dei instruções para que seja dada especial atenção à Aviapartner, empresa belga que beneficiou recentemente de um relevante apoio económico e financeiro do Estado belga, no âmbito das ajudas extraordinárias ao setor da aviação, com vista a minorar as consequências da crise pandémica", diz no comunicado.

Por via desse apoio, adianta, a Aviapartner "estará melhor capitalizada e em melhores condições para garantir" a viabilidade futura da Groundforce e a manutenção dos postos de trabalho.

No final de abril, o Conselho de Administração da Groundforce aprovou a anulação do contrato com a TAP, que tinha permitido à empresa encaixar cerca de sete milhões de euros com a venda de ativos, alegando que o contrato, conforme está estruturado, inviabiliza a operação da empresa.

O CA da Groundforce é composto por três administradores nomeados pela Pasogal, de Alfredo Casimiro, e dois pela TAP (acionista minoritário).

Com o acordo, celebrado em 19 de março, a TAP comprou os equipamentos da Groundforce por cerca de sete milhões de euros, uma solução de curto prazo, que permitiu resolver os problemas mais urgentes da empresa, como pagar os salários de fevereiro e março em atraso aos 2.400 trabalhadores, enquanto não existe uma solução para as restantes verbas de que necessita, para fazer face aos prejuízos causados pela pandemia.

Este acordo, que prevê também que a Groundforce pague 461.762 euros mensais à TAP pelo aluguer dos equipamentos que necessita para a operação e que a companhia lhe comprou, foi alcançado com os votos favoráveis dos dois administradores da Groundforce nomeados pela TAP, a que se juntou o presidente executivo da empresa de 'handling', Paulo Neto Leite, que entretanto, em 05 de abril, foi destituído do cargo de CEO e substituído no cargo por Alfredo Casimiro, mas que se manteve como administrador não executivo.

Por seu lado, o presidente da Pasogal, Alfredo Casimiro, absteve-se e o outro administrador nomeado pela Pasogal, Gonçalo Carvalho, votou contra o acordo para desbloquear provisoriamente o impasse na empresa.

A Groundforce é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, em 2020, passou a ser detido em 72,5% pelo Estado português e que é acionista minoritário e principal cliente da empresa que presta assistência nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Funchal e Porto Santo.
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