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Sindicato dos Pilotos alerta que TAP não pode ser gerida por WhatsApp
O presidente do sindicato dos pilotos apelou para não haver interferência do Estado na gestão da TAP, como houve no passado. E avisa que “não se pode gerir por WhatsApp”. Tiago Lopes alertou ainda que se espera um verão caótico.
O dirigente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), Tiago Lopes, alertou para a importância de não haver mais interferência do Estado na TAP. Na sua audição na comissão parlamentar de inquérito, apelou ao Executivo para deixar Luís Rodrigues [novo CEO] gerir" a companhia aérea.
Na base das declarações do responsável estão todas as polémicas em torno da empresa, entre as quais a indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis. "Não se pode gerir por WhatsApp", disse, referindo-se às revelações que têm sido feitas da aprovação da indemnização, entre outros casos, dos responsáveis do Governo, nomeadamente Pedro Nuno Santos e Hugo Mendes, por SMS.
Questionado sobre se caso o Estado não tivesse injetado 3,2 mil milhões de euros, a empresa teria entrado em insolvência, respondeu que "o Estado entrou quando devia entrar, mas nao saiu quando deveria sair".
Tiago Lopes relembrou ainda a falta de pessoal que a TAP está a sentir e a dificuldade na contratação, isto após ter despedido cerca de 1.200 pessoas no âmbito do plano de reestruturação em 2021 que levou ainda a cortes de pelo menos 40% nos pilotos. Uma medida que, segundo o responsável, devia ser revertida já.
No início do ano, a transportadora abriu candidaturas para várias posições. No que toca a pilotos, contratou perto de 50, segundo o SPAC. Um número que ainda não consegue colmatar a necessidade de 80 profissionais para manter a operação.
Por estas razões, Tiago Lopes prevê um "verão caótico", tal como aconteceu no ano passado. "Estamos muito preocupados com o futuro, mas de consciência tranquila porque tudo fizemos para minimizar os impactos da empresa. E a história veio dar-nos razão", reforçou.
Tiago Lopes defendeu ainda que "o plano de reestruturação estrangulou a TAP" até no que diz respeito à operação comercial - uma vez que, por exemplo, não permite [os trabalhadores fazerem] horas extra. Isso tem grande impacto financeiro na companhia, caso contrário não cancelariam 200 voos" em maio. Uma informação que também tinha sido sublinhada pelo sindicato dos tripulantes de voo.