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Sindicato dos tripulantes da TAP diz que atuação do chairman na empresa "foi nula"

O presidente do sindicato de tripulantes da TAP diz não ter conhecimento oficial de mais casos como o de Alexandra Reis. Mas o que corre nos corredores da empresa é que será "uma ponta do iceberg"

Manuel de Almeida / Lusa
26 de Abril de 2023 às 17:34
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O presidente do sindicato de tripulantes de cabine (SNPVAC), Ricardo Penarróias, considera que têm sido "enganados nos últimos dois anos" com o plano de reestruturação da TAP e confessa que as revelações que têm sido feitos na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à transportadora são "uma vergonha para o país".  

Sobre o diálogo com os sindicatos, defendeu que com a antiga CEO, Christine Ourmières-Widener, havia canais de comunicação, embora nem "sempre construtivos". Mas revelou que 
a atuação do antigo "chairman" da TAP, Manuel Beja, na empresa "foi nula". E garantiu que não houve comunicação entre  o antigo "chairman", demitido pelo Governo a 6 de março, e os sindicatos.


"Houve uma nulidade de comunicação entre o 'chairman' da empresa e sindicatos. Eu não me reuni nem uma vez, com o diretor, nem uma vez como presidente, com o 'chairman'. A atuação dele na TAP, lamento dizê-lo, foi nula", disse, durante a audição na CPI. 

"Vergonha para o país"

Falando do plano de reestruturação acordado com Bruxelas em 2021, que levou à saída de 1.200 pessoas da transportadora, Ricardo Penarróias sublinhou que o tempo provou que o despedimento de trabalhadores "não era necessário".


Aliás, segundo o responsável, a falta de pessoal vai levar ao cancelamento de 200 voos já em maio. "A narrativa ideológica de que os salários dos trabalhadores do grupo TAP eram os grandes culpados pela situação financeira em que a companhia se encontrava não corresponde à realidade. A realidade veio dar-nos razão. Esta sala veio dar razão" referiu, acrescentando que o que se tem "assistido nesta sala é uma autêntica vergonha para o país".


Ricardo Penarróias reforçou ainda que "os cortes salariais a que hoje em dia estamos todos sujeitos não eram necessários". No âmbito do plano de reestruturação, foram aprovados cortes de 25%. 


"Fomos enganados. A palavra até é fraca, apetecia-me dizer outra palavra", disse o responsável, referindo-se ao sentimento dos trabalhadores da TAP  face às revelações que têm sido feitas na comissão de inquérito.


O dirigente do sindicato reforçou que o Acordo Temporário de Emergência, assinado no âmbito do plano de reestruturação, já não faz sentido existir. E tem dificultado a contratação por parte da empresa.


Sobre a paz social na empresa, o presidente do sindicato não tem dúvidas que a sua inexistência é da responsabilidade da administração da TAP e do Governo - que acusa de aproveitar a conjuntura de crise devido à pandemia para de forma "abusiva" implementarem "medidas draconianas" que, na sua visão,  atualmente não se justificam.


Ricardo Penarróias revelou ainda que no último ano e meio já foram reintegrados 500 dos 750 tripulantes despedidos, o que vem provar que os despedimentos foram "ilícitos e mal feitos". 


Caso Alexandra Reis é "uma ponta do iceberg"

Questionado pelo deputado do Chega, Filipe Melo, sobre se tinha conhecimento de  mais algum caso como o da antiga administradora Alexandra Reis, que saiu da empresa com uma indemnização de 500 mil euros, referiu que "oficialmente não". "Mas o que ouvimos dizer nos corredores [da empresa] é que a indemnização de Alexandra Reis é uma ponta do iceberg".


Uma informação que confessa não dizer com "muito orgulho", até porque tinha havido a promessa de "uma gestão profissional e transparente", cortando com os exemplos do passado.


(Notícia atualizada às 20h30)
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