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"Não fui força de bloqueio". Hugo Mendes responde a Manuel Beja

Ex-secretário de Estado rejeita críticas do antigo chairman da TAP que falou em inércia da tutela e contra-ataca, dizendo que Beja demorou seis meses a encontrar nomes para a administração não executiva.

Manuel de Almeida / Lusa
14 de Junho de 2023 às 21:07
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"Não fui uma força de bloqueio". A afirmação é de Hugo Mendes, o antigo secretário de Estado das Infraestruturas, que na comissão parlamentar de inquérito à TAP foi questionado sobre as críticas de Manuel Beja, o antigo chairman da transportadora, que acusou a tutela de inação.

"Ouvi o Dr Manuel Beja dizer que eu fui uma força de bloqueio. Logo eu", comentou. Questionado pela bancada parlamentar socialista sobre as críticas do antigo administrador – e comentando aquilo que diz ser "uma história muito interessante" - Mendes explicou que Manuel Beja procurou recuperar dois administradores não executivos depois do conselho de administração ser reduzido a nove elementos, com quatro não executivos.

Essa intenção foi transmitida por Manuel Beja "logo depois da saída de Alexandra Reis", indicou, não conseguindo precisar a data porque Beja que preferia comunicar sobretudo por telefone – "quase não tenho e-mails de Manuel Beja".

Mendes assegura que nesse processo, Mendes transmitiu a Manuel Beja que não valeria iniciar já um processo de recrutamento porque o ministro, a quem cabia o dossier dos administradores da empresa, poderia ter nomes em vista. E que, além disso, o ministro poderia no futuro já não o ser – as eleições legislativas tinham acontecido no final de janeiro e o novo governo ainda não tinha tomado posse - pelo que valeria a pena esperar mais "uma semana", para que a escolha pudesse ter outra legitimidade de funções.

"Se ele entende isto como força de bloqueio, eu vejo como legitimidade democrática".

"E há uma coisa curiosa no meio disto tudo", avançou. "A meio faz férias", em agosto de 2022, "mais de três meses depois" da reunião entre Beja e o ministro Pedro Nuno Santos, questionou Beja sobre o trabalho de prospeção de nomes para a constituição de uma "short list".

"Eu, a força de bloqueio, envio-lhe uma mensagem a perguntar pela short list, que só chegou um mês e meio depois. Não sei se é muito tempo ou pouco, mas sei que fiz uma short list para contratar a CEO num mês e meio. Não precisei de seis meses", apontou, referindo-se ao tempo total que decorreu desde a saída de Alexandra Reis.

Essa lista, quando chegou em outubro, "tinha um ex-administrador da Air France. Quando nós e as Finanças olhámos para aquilo [entendemos] que quando íamos abrir o capital da empresa, ter um ex-administrador da Air France se calhar não era boa ideia".

Para Mendes, "a legitimidade democrática era mais importante do que a pressa do Manuel Beja".
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