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Moody's sobe "rating" da TAP mas nível de investimento continua no "lixo"
Depois da avaliação da S&P, também a Moody's aliviou o nível de risco financeiro da empresa em dois patamares passando de Caa2 para B3. Também o risco de "default" e das obrigações sem garantias foram revistas em alta. Todas as perspetivas estão "estáveis".
A Moody’s subiu esta sexta-feira o "rating" da TAP em dois níveis, de Caa2 para B3, com a perspetiva estável. Ainda assim, a notação financeira mantém-se no nível de investimento especulativo, também conhecido como "lixo" financeiro.
A agência de notação financeira norte-americana também aliviou o risco de "default" da empresa e subiu o "rating" de Caa2-PD para B3-PD. A Moody’s reviu em alta o "rating" das obrigações "senior unsecured" no montante de 375 milhões de euros com maturidade em 2024 de Caa2 para B3. Todas estas notações têm a perspetiva "estável".
O alívio na notação de risco da empresa para B3 é o resultado da ajuda do Estado à TAP que ascende a um total de 3,2 mil milhões de euros, que permite uma "melhoria significativa no perfil de liquidez" da TAP, de acordo com o relatório da Moody’s.
A agência teve ainda em conta "as medidas já implementadas que permitem um corte nos custos" e "a simplificação da estrutura societária da TAP SA" depois de a TAP S.G.P.S. ter deixado de ser a empresa-mãe da TAP SA.
No entanto, a Moody’s alerta que a TAP tem "um historial de fraca rentabilidade antes da pandemia" e há um "risco de execução do plano de reestruturação" num "mercado que permanece volátil".
Ainda assim, a agência norte-americana considera que a liquidez da TAP "melhorou significativamente" depois com as verbas do apoio do Estado português com um aumento de 397,6 milhões de euros de cash flow em 30 de setembro de 2021 para 1,8 mil milhões de euros em dezembro de 2021.
Esta quinta-feira a Standard & Poor's (S&P) também subiu o "rating" da TAP em dois níveis de B- para B+ com a perspetiva estável.
Também a S&P, considerou que "a pressão de liquidez da Transportes Aéreos Portugueses S.A. diminuiu após a aprovação da ajuda do Estado pela Comissão Europeia", lê-se no relatório.
As avaliações das duas agências de notação financeira acontecem depois de a TAP ter fechado o ano de 2021 com um prejuízo recorde de 1.599,1 milhões de euros, apesar do aumento do número de passageiros transportados e das receitas relativamente ao ano anterior, divulgou a TAP no relatório de contas. De acordo com a informação enviada à CMVM pela empresa, o prejuízo resultou, sobretudo, de custos não recorrentes de 1.024,9 milhões – por exemplo, com o encerramento das operações de manutenção no Brasil – que tiveram impacto nos resultados.
Ainda assim, segundo a informação enviada à CMVM, a TAP diz que as receitas operacionais atingiram os 1.388,5 milhões de euros, um aumento de 328,4 milhões (+31,0%) em comparação com as receitas operacionais de 2020. Com capitais próprios positivos, a empresa liderada por Christine Ourmières-Widener saiu da situação de falência técnica em que se encontrava desde 2020.