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S&P sobe "rating" da TAP em dois níveis, mas mantém no "lixo"

Agência norte-americana subiu o rating da companhia bandeira portuguesa de B- para B+. mas empresa continua no nível especulativo. S&P diz que ajuda do Estado à TAP reduz a "pressão de liquidez" e permite "ampla margem de liquidez para cobrir o consumo de caixa esperado este ano".

Mariline Alves
21 de Abril de 2022 às 17:46
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A Standard & Poor's (S&P) subiu esta quinta-feira o "rating" da TAP em dois níveis de B- para B+ com a perspetiva estável. Ainda assim, a notação financeira mantém-se no nível de investimento especulativo, também conhecido como "lixo" financeiro.


De acordo com a agência norte-americana, "a pressão de liquidez da Transportes Aéreos Portugueses S.A. diminuiu após a aprovação da ajuda do Estado pela Comissão Europeia", que ascende a um total de 3,2 mil milhões de euros, lê-se no relatório.


Além disso, a S&P considera que com o apoio do Estado a companhia bandeira portuguesa deverá conseguir "ampla margem de liquidez para cobrir o consumo de caixa esperado este ano".


Esta avaliação da S&P acontece depois de a TAP ter fechado o ano de 2021 com um prejuízo recorde de 1.599,1 milhões de euros, apesar do aumento do número de passageiros transportados e das receitas relativamente ao ano anterior, divulgou a TAP no relatório de contas. De acordo com a informação enviada à CMVM pela empresa, o prejuízo resultou, sobretudo, de custos não recorrentes de 1.024,9 milhões – por exemplo, com o encerramento das operações de manutenção no Brasil – que tiveram impacto nos resultados.


Ainda assim, segundo a informação enviada à CMVM, a TAP diz que as receitas operacionais atingiram os 1.388,5 milhões de euros, um aumento de 328,4 milhões (+31,0%) em comparação com as receitas operacionais de 2020. Com capitais próprios positivos, a empresa saiu da situação de falência técnica em que se encontrava desde 2020.

De acordo com a S&P o apoio do Estado, aprovado pela Comissão Europeia, "reforçou a liquidez" da empresa liderada por Christine Ourmières-Widener, tendo em conta que o programa de resgate inclui também "a conversão de dívida em capital e aumentos de capital que ascendem a cerca de 542 milhões de euros". Este ultimo reforço de capital, lê-se no relatório da agência, permitiu um "aumento significativo das verbas em caixa da TAP para os 813 milhões de euros" no final de 2021, face aos "398 milhões de euros" que a empresa tinha a 30 de setembro de 2021.    
 

A S&P diz ainda que vê como "probabilidade moderadamente alta" que o Governo português dê "apoio extraordinário à TAP, em caso de necessidade" tendo em conta que a TAP "é um dos maiores empregadores do país e é o maior exportador de serviços domésticos", lê-se no relatório.


Além disso, a agência refere que espera que o EBITDA recupere este ano mas que ainda fique "significativamente abaixo dos níveis de 2019".

 

Aumento de passageiros acima da média europeia


A agência teve ainda em conta a previsão do aumento da procura de passageiros, chegando "aos 75% dos níveis de 2019", ainda este ano. "Acima da média de 50%-65% que esperamos para o setor aéreo europeu em geral", lê-se no relatório da S&P que sublinha ainda que acredita que a TAP "deve beneficiar do seu foco em destinos de longo curso como o Brasil, América do Norte e os países de língua portuguesa em África", assim como da "posição de Portugal como um destino popular de viagens de lazer".


Nesta análise a S&P prevê que não existam novas restrições a viagens provocadas pela pandemia Covid19, mas tem em conta as "incertezas" provocadas pelo "aumento das taxas de juros e do custo de vida, ligados à subida dos preços da energia, que pode reduzir a procura de viagens aéreas". Tem ainda em conta "o risco da escalada de tensões" relacionadas com a guerra na Ucrânia.  


A S&P reconhece que a TAP tem vindo a cortar nos custos mas prevê que "os preços elevados dos combustíveis afetem a rentabilidade" da empresa este ano. A agência vê como "cautelosa" a estratégia de hedge da TAP para 2022, "com 49% do consumo de jet fuel protegido no primeiro e segundo trimestres" do ano "e apenas 39% e 14% durante os terceiro e quarto trimestres, a partir de 11 de abril de 2022", lê-se no relatório.


Sobre o aumento dos preços dos bilhetes a S&P vê como "incerto" que a TAP aumente o valor de todas as tarifas cobradas aos passageiros. Neste campo, a TAP pode estar "em desvantagem em relação a alguns dos seus pares europeus, que garantiram hedge com coberturas para a maior proporção do seu consumo de combustível previsto".

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