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Medina: “Todos agiram achando que a lei estava a ser cumprida”
O ministro das Finanças disse ainda que a “escolha de Alexandra Reis” para as Finanças foi “apenas dele”. E diz ser "insultuoso" colocar em causa qualquer interferência das Finanças na IGF.
Fernando Medina acredita que todos os envolvidos no caso Alexandra Reis agiram de boa fé, achando que não estavam a violar a lei. Porém, como se veio a confirmar que incumpriram a lei, "a sanção é a demissão", justificou.
"Todos agiram achando que a lei estava a ser cumprida, mas como não estavam a infração é grave e a sanção é a demissão", referiu o ministro que está a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP. "Isso não pode apagar a ilegalidade", acrescentou.
Em causa estão as conslusões do relatório da Inspeção-Geral de Finanças (IGF) sobre o pagamento da indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis ter sido ilegal por violar as regras do gestor público.
Confrontado com eventuais interferências das Finanças na IGF - tutelada pelo Ministério da Finanças - disse ser "insultuoso".
Questionado pelo deputado do PSD, Hugo Carneiro, sobre se tinha dito a Christine Ourmières-Widener que se se demitisse teria direito a um bónus ou indemnização, Fernando Medina respondeu:"Por esta altura, toda a gente no país já deve saber que uma renúncia não dá lugar a indemnização".
Instado a comentar se face às conclusões das audições que foram feitas nestes últimos dois meses e meio na CPI mudaria o desfecho da decisão, que culminou com a exoneração por justa causa da CEO e do chairman, garantiu que não.
Sobre Alexandra Reis, garantiu ainda que a decisão de a convidar para secretária de Estado do Tesouro foi sua. "A decisão da escolha de Alexandra Reis foi minha", disse.
Justificou a contratação com o perfil da gestora destacando uma das principais vantagens o facto de ter experiência na gestão pública. Na altura, era presidente da NAV.
Medina rejeitou ainda qualquer conflito de interesse, apesar de Alexandra Reis ir tutelar a TAP, além de outras empresas públicas. Para o ministro das Finanças haveria conflito de interesses era se "viesse de uma companhia aérea privada".
A proposta para avançar com a comissão de inquérito foi feita pelo Bloco de Esquerda e foi aprovada a 3 de fevereiro, com a abstenção do PS e PCP e os votos a favor dos restantes partidos, após ter sido noticiado que Alexandra Reis tinha recebido uma indemnização de 500 mil euros quando saiu da TAP em Fevereiro de 2022.
As audições arrancaram a 29 de março com a Inspeção-Geral de Finanças. Fernando Medina fechou a ronda de 46 audições presenciais, sendo esperadas cerca de mais 10 por escrito, entre as quais David Neeleman. A votação do relatório final da CPI deverá ser a 13 de julho.
(Notícia atualizada às 15h20)