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IGF descarta novas auditorias à gestão da TAP

A Inspeção-Geral das Finanças não tem intenções de avançar com novas auditorias à TAP. E revelou que CFO da TAP defendeu que processo de pagamentos de indeminizações são “encriptados” e da responsabilidade dos RH.

Alexandre Azevedo / Jornal de Negócios
29 de Março de 2023 às 18:53
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Nos próximos tempos,  a Inspeção-Geral das Finanças (IGF) não prevê avançar com novas auditorias à gestão da TAP. A garantia foi dada pelo inspector da entidade, António Ferreira dos Santos, que está a ser ouvido na comissão de inquérito à TAP, cujas audições arrancaram esta quarta-feira.


"Neste momento preciso, não tenho intenção de desenvolver novas auditorias sobre este aspecto", disse o responsável, em resposta ao deputado do PSD Hugo Carneiro. 

 

"Não tenho interesse em promover nos próximos tempos nenhuma auditoria" que permita avaliar outras situações, reforçou. E relembrou que o Tribunal de Contas já tem em curso uma auditoria de âmbito mais alargado do que aquele que foi pedido à IGF, que se limitou à indemnização de Alexandra Reis. 

 

No que toca ao papel do CFO da TAP, um dos temas que tem dominado a audição, revelou que foi ouvido a 25 de janeiro. No entanto, não acharam relevante colocar a ata do depoimento de Gonçalo Pires no relatório. Mas garantiu que a IGF vai enviar esse documento ao Parlamento.

 

Instado a ler o conteúdo da ata relativo à tal reunião, o responsável da IGF revelou que o administrador financeiro garantiu que não teve qualquer envolvimento no processo da saída de Alexandra Reis com uma indemnização de 500 mil euros. 

 

"O administrador financeiro apenas recebeu email do chairman [Manuel Beja] a informar que Alexandra Reis  ia sair da empresa, assunto que não foi discutido em Conselho de Administração ou Conselho Executivo", disse o responsável da IGF enquanto lia a ata da reunião.

 

Na mesma conversa com a IGF, Gonçalo Pires assegurou que "desconhecia a razão da saída de Alexandra Reis, embora não tenha sido uma surpresa".

 

Questionado sobre se não tinham perguntado ao CFO se tinha sido ele a "carregar no botão" para fazer a transferência de meio milhão de euros, António Ferreira dos Santos admitiu que não. "O que tentámos perceber é se tinha tido responsabilidade no pagamento. E o administrador financeiro explicou que é um processo encriptado e é da responsabilidade dos Recursos Humanos. Se foi ele que carregou no botão,  não sabemos.

 

A ausência do nome do administrador financeiro da TAP nas conclusões do relatório da IGF, que levaram à demissão da CEO e do "chairman", causaram estranheza aos partidos da oposição.  Gonçalo Pires vai ser ouvido amanhã, quinta-feira, na CPI à TAP.


Na sequência das conclusões do relatório da IGF, o Governo exonerou o presidente do Conselho de Administração e a presidente executiva da TAP, Manuel Beja e Christine Ourmières-Widener, e anunciou que escolheu Luís Silva Rodrigues, que atualmente lidera a Sata, para assumir ambos os cargos.

 

A proposta para avançar com a comissão de inquérito foi feita pelo Bloco de Esquerda e foi aprovada a 3 de fevereiro, com a abstenção do PS e PCP e os votos a favor dos restantes partidos, após ter sido noticiado que Alexandra Reis tinha recebido uma indemnização de 500 mil euros quando saiu da TAP em Fevereiro de 2022.

 

Os deputados têm uma lista de 60 personalidades para ouvir até 23 de maio. O prazo estipulado para a comissão é de metade do máximo previsto no regime jurídico dos inquéritos parlamentares. João Galamba, ministro das Infraestruturas, Fernando Medina, ministro das Finanças e João Nuno Mendes, secretário de Estado das Finanças, são os membros do atual Governo que deverão ser chamados à CPI, cujos trabalhos terão de estar concluídos a 23 de maio.

Já Pedro Nuno Santos, João Leão, Mário Centeno e Hugo Mendes, são alguns dos antigos governantes que também terão de prestar esclarecimentos. Pedro Marques, antigo ministro das Infraestruturas e responsável pela reversão da privatização da TAP, foi também chamado pelo BE e PCP.  Humberto Pedrosa, David Neeleman e Fernando Pinto também fazem parte da  lista de nomes discutida na CPI à TAP. 


As sociedades de advogados que assessoraram a TAP (SRS) e Alexandra Reis (Morais Leitão) também deverão ser convocadas para ir ao Parlamento.


(Notícia atualizada às 19h00)
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