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Ex-presidente da Portugália defende que potencial comprador da TAP só pode ser chinês

O ex-presidente da Portugália, João Ribeiro da Fonseca, não acredita que a nova tentativa de privatizar a TAP se concretize e defende que apenas a fusão com uma companhia aérea chinesa serve os interesses da empresa portuguesa.

Miguel Baltazar/Negócios
01 de Fevereiro de 2015 às 17:49
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"[Um potencial comprador] só pode ser chinês, porque a China tem capital, tem estratégia e tem mercado. A China precisa de vir para o Atlântico, precisa de uma plataforma logística que lhe faça a distribuição para o Atlântico", afirmou em entrevista à Lusa Ribeiro da Fonseca, que liderou os destinos da Portugália durante 16 anos e continua a presidir à assembleia da Associação Portuguesa de Transporte e Trabalho Aéreo (APPTA).

 

Defensor da privatização da TAP, Ribeiro da Fonseca recusou-se a fazer "avaliações individuais" aos potenciais interessados veiculados pela imprensa, estando convicto de que ainda não será nesta legislatura que a companhia vai deixar de ser pública.

 

"Não acredito que a TAP vai ser vendida. E não vislumbro em nenhum candidato o parceiro ideal" para a companhia portuguesa, declarou.

 

Para o gestor, a TAP precisa de capital, mercado e estratégia, considerando que apenas "uma aliança" com uma companhia aérea chinesa pode dar isso à transportadora nacional: "A China precisa de nós e nós precisamos de um chinês".

 

"Depois vêm dizer que os chineses vêm tomar conta disto e o que é que isso interessa? Nós não precisamos de dinheiro? Eles têm coisas óptimas para nós e nós muitas coisas boas para eles", lançou.

 

Na entrevista à Lusa, Ribeiro da Fonseca mapeou o panorama do sector da aviação, considerando que "não há parceiros disponíveis na Europa", porque "já todos acasalaram", dando origem a três grandes grupos.

 

"Depois temos os EUA, mas estão interessados na Ásia e na América do Sul, que, por seu lado, não têm dinheiro nem força em termos de transporte aéreo. A América do Sul está num processo de recuperação e a sua grande prioridade é a América do Norte", prosseguiu.

 

Fica a faltar o Médio Oriente, que "tem muito capital e uma estratégia, mas não tem mercado, o que comporta um grande risco, porque compram e vendem no dia seguinte", disse.

 

Na perspectiva do gestor, "resta a Ásia e, mais concretamente, a China".

 

Nesse sentido, adiantou, o Governo deveria "fazer um 'roadshow' bem preparado, uma apresentação como deve ser, porque é preciso mostrar a importância que Portugal tem estrategicamente para China, não só pela geografia, mas também pelas infra-estruturas", nomeando o porto de águas profundas de Sines e o aeroporto de Lisboa.

 

Quando em 1991 assumiu a presidência da Portugália, Ribeiro da Fonseca foi informado - pelo então ministro dos Transportes Ferreira do Amaral -- de que a TAP ia ser privatizada.

 

"Estive lá 16 anos. Conheci pelo menos oito ministros dos Transportes. Passados 23 anos, a TAP continua à venda", disse o deputado pelo CDS na assembleia municipal de Cascais, realçando que o adiamento da venda pode ser fatal para a companhia liderada por Fernando Pinto.

 

O responsável deixa uma chamada de atenção aos "gurus que dizem que a TAP é como a caravela dos descobrimentos e que é fundamental para o turismo": "Se a TAP morrer amanhã, no dia seguinte aparecem outras [companhias] para a substituir".

 

"Temos que vender, mas não pode ser a qualquer um. E, se não houver nenhum [comprador], não vendemos. É preciso responsabilizar toda a gente e também os senhores dos sindicatos. Porque se não acontecer a companhia morre. Não vejo outra saída", concluiu.

 

Em Novembro último, o Governo decidiu relançar o processo de privatização da TAP, suspenso em Dezembro de 2012, optando pela venda directa em duas fases -- a primeira de até 66% do capital para avançar de imediato, devendo estar concluída ainda no primeiro semestre.

 

A capitalização é o primeiro de nove critérios para a escolha do futuro dono da TAP, seguido pelo valor da oferta e o projecto estratégico, segundo o caderno de encargos, que não fixa prazos para a manutenção do 'hub' [centro de operações] em Portugal. 

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