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Easyjet confirma em Maio em que país pedirá certificado de operador europeu
Para se precaver aos efeitos do Brexit, a Easyjet vai pedir um Certificado de Operação Aérea a nível comunitário. Portugal pode ser escolhido. Se tal acontecer, a Easyjet ultrapassa a TAP e transforma-se na maior companhia nacional.
A Easyjet espera ter decidida "o mais tardar" até o final de Maio a escolha do país onde pedirá um Certificado de Operação Aérea a nível comunitário. O cenário foi traçado esta quinta-feira, 23 de Março, pelo responsável da transportadora para o mercado português, José Lopes (na foto).
A medida chega como resposta ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia, conhecido como Brexit, como forma da companhia "low cost" se precaver a eventuais alterações no acordo aéreo entre os dois blocos e assim poder manter a sua operação.
"A Easyjet em nenhum nome confirmou notícias em relação a nomes de países", descartou José Lopes quando questionado se Portugal está entre os candidatos mais fortes. "Estamos muito perto de tomar a decisão", acrescentou. Só o processo de registo implica um investimento de 10 milhões de euros.
A certificação da Easyjet – com sede em Luton, nos arredores de Londres – como operador aéreo europeu implicaria a transferência de uma frota de cerca de 150 aviões, que necessitaria de ser avaliada pelo respectivo regulador aéreo – no caso português, a ANAC.
José Lopes estima por isso um processo que poderá demorar cerca de um ano e assegura que o mesmo "estará finalizado bem antes de se consumar essa saída" do Reino Unido da União Europeia.
Questionado sobre as declarações da secretária de Estado do Turismo portuguesa, Ana Mendes Godinho, que garantiu recentemente que o Governo fará todos os possíveis para ganhar este processo, o responsável considera "normal que a maioria ou todos os países tenham interesse em captar uma empresa deste tamanho".
A confirmar-se a escolha por Portugal, a Easyjet transformar-se-ia na maior companhia aérea nacional, ultrapassando a TAP. "A frota da TAP não chega aos 100 aviões, mesmo se adicionarmos aviões da White", comparou o responsável num encontro com jornalistas.
José Lopes lembra ainda que "o regulador do país escolhido passará a ter um peso muito maior" na definição da estratégia aérea a nível comunitário. O facto do principal accionista, Stelios Haji-Ioannou, ter dupla nacionalidade – britânica e cipriota – facilita uma das exigências de Bruxelas na propriedade das companhias aéreas: a maioria do capital deve ser europeu. Stelios Haji-Ioannou tem 48% do capital e chegar aos 51% não é encarado como uma barreira.
Contudo, o facto da Easyjet adquirir um certificado de operador aéreo europeu "não resolve como vai ficar o tráfego entre a Europa e o Reino Unido", tendo em conta que dois terços do tráfego europeu de dirige ao Reino Unido.
O responsável português conta que a transportadora tem feito – através da Airlines for Europe, associação que reúne as cinco maiores companhias aéreas europeias – pressão para que as negociações do Brexit possam tratar a "aviação como um caso particular".
"O ideal seria que se mantivesse em número de operação um acesso livre ao mercado", traça. A título individual, a Easyjet também tem feito contactos com governos e embaixadas dos países onde opera para chamar a atenção para o problema que poderá colocar-se. Menor disponibilidade de frequências reflecte-se numa subida em flecha dos preços, resume.