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Patrick Drahi reconhece que equipa de gestão cometeu “erros estúpidos”
Numa reunião com trabalhadores da Altice, Patrick Drahi reconheceu que a equipa de gestão cometeu erros e garantiu não estar preocupado com a dívida do grupo.
O fundador da Altice, Patrick Drahi, admitiu que a equipa de gestão cometeu erros "baseados na confiança" e que não deveriam ter centralizado as decisões de compras com os fornecedores da empresa. O gestor falava na primeira reunião que aceitou ter com os sindicatos da Altice, por videoconferência, desde que foi noticiado a investigação que levou à detenção de responsáveis do grupo, no âmbito da Operação Picoas, que tem como principal alvo Armando Pereira, cofundador do grupo.
De acordo com a transcrição dos sindicatos franceses, consultada pela Bloomberg, Drahi, que participou no encontro a partir de Tel Aviv, disse que "foi estúpido centralizar as compras" da empresa.
Durante o encontro com os representantes dos trabalhadores, que decorreu na terça-feira, o gestor também admitiu que "foi um grande erro" escolher a chinesa Huawei como fornecedora. Durante anos, funcionários, sindicatos e consultores externos expressaram preocupações sobre o relacionamento da empresa com alguns de seus maiores fornecedores, incluindo Huawei.
Dívida é "um não problema"
No que toca à dívida do grupo, o responsável disse que não era um problema. "Não há nada [a vencer] antes de 2027, exceto 1,5 mil milhões de euros em 2025, isso é um não problema", disse, questionado sobre o vencimento da dívida do grupo.Patrick Drahi mostrou-se também confiante de que "as taxas [de juro] vão descer", devido à atual situação geopolítica.
O grupo está a avaliar vender ativos, incluindo uma participação na operadora de telecomunicações que detém no mercado francês, a SFR, a um fundo. No entanto, apesar de estar a gerar bastante interesse, Drahi assegurou que não tem intenções de vender o negócio de media em França que diz ser "estratégico", e onde se inclui o canal de televisão BFMTV.
A empresa também estará a avaliar vender parte da operação em Portugal, onde detém a dona da Meo (Altice Portugal).
Na base da investigação judicial estão suspeitas de uma viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação - com práticas lesivas das próprias empresas do grupo e da concorrência, que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva.