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Oi espera começar a "expatriar dividendos" da Unitel em breve
O CEO da Oi revelou que vão saber o valor dos dividendos que podem “expatriar por mês” assim que retomarem "o controlo” da Unitel. E avançou que a BCG está a elaborar uma nova estratégia que pode incluir a venda de ativos.
O tema da Unitel, mais concretamente do pagamento dos dividendos em atraso à Oi, dominou a conferência telefónica com analistas no âmbito dos resultados anuais da operadora. E, por várias vezes, Eurico Teles, presidente executivo da empresa que tem a antiga PT SGPS como acionista, garantiu que em breve iam saber quando e quanto poderiam expatriar por mês. "Estamos muito próximos de conseguir retomar o controlo da empresa e, com este novo cenário, vamos começar a conseguir expatriar os dividendos que temos presos em Angola".
O líder da Oi referia-se ao início de funções do novo diretor-geral da operadora angolana, Miguel Geraldes, que acontecerá em breve. O gestor foi nomeado pela Oi que em fevereiro viu um tribunal arbitral de Paris dar-lhe razão obrigando os restantes acionistas da empresa a pagarem-lhe uma indemnização de cerca de 600 milhões de euros.
Eurico Teles referiu que "deve demorar algum tempo" até a dívida ser paga e chegar às contas da Oi "porque ainda há passos que têm que ser alcançados para termos estes ativos connosco. Mas esperamos resultados ainda este ano". Além disso, acredita que quando Miguel Geraldes chegar a Angola, vão ter mais informações sobre os planos e implicações de expatriar estes valores para o Brasil.
Quanto aos planos da venda de outros ativos africanos que herdou da PT – através Africatel -, Eurico Teles revelou que é um dos temas da revisão estratégica que está a ser elaborada pela consultora Boston Consulting Group. E nesta análise estão incluídos todos os ativos da operadora. Até haver uma decisão final, "todos os tipos de cenários" estão em estudo, comentou, acrescentando que quando houver mais definições, as mesmas serão comunicadas ao mercado.
A brasileira Oi ficou, em 2014, com a posição na Unitel que pertencia à PT. A sua relação com os acionistas angolanos da Unitel tem sido marcada, pela conflitualidade. Em 2015, após várias tentativas falhadas de entendimento sobre o pagamento de dividendos, a Oi resolveu avançar para um tribunal arbitral de forma a dirimir este conflito. Ao longo de três anos a conciliação entre acionistas da Unitel – PTV, Vidatel, Geni e Mercury – revelou-se impossível.
Em fevereiro, quatro anos depois, a Oi emitiu um comunicado onde anunciava que o tribunal arbitral tinha obrigado os outros acionistas da Unitel a pagarem-lhe cerca de 600 milhões de euros por violação de "diversas previsões do acordo de acionistas" ao negarem a nomeação pela Oi, através da PT Ventures, de administradores na Unitel, e por terem suspendido, de forma que o tribunal considerou injustificada, os direitos da Oi na Unitel.