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Antenas da Nos vão levar internet aos aviões a 10 mil metros de altitude
A Nos foi a operadora escolhida pela European Aviation Network para levar internet aos aviões a 10 mil metros de altitude. A nova tecnologia deve estar disponível a partir de meados do próximo ano e vai levar internet de alta velocidade ao interior das aeronaves.
A Nos foi a operadora escolhida em Portugal para levar internet de alta velocidade (4G, ou LTE) a bordo dos aviões que cruzarem o espaço aéreo português. A escolha da European Aviation Network (EAN) foi anunciada na semana passada e, para que a internet chegue até às aeronaves, algumas torres da Nos vão ser adaptadas com antenas específicas, que vão estar viradas para cima em vez de apontarem para os lados, e farão chegar o sinal aos aviões, a 10 mil metros de altitude.
A European Aviation Network é um consórcio europeu liderado pela britânica Inmarsat e pela alemã Deutsche Telekom que vai permitir aceder a internet de alta velocidade (com uma capacidade total de 50 gigabits por segundo) a bordo de aeronaves, através de um sistema híbrido que combina cobertura por satélite com a rede de 300 estações terrestres espalhadas pela União Europeia, Suíça e Noruega. Isto porque a actual "disponibilidade de acesso confiável à internet de alta velocidade no ar ainda não é suficiente" para atender à procura existente e à que aí vem.
Em Portugal, a Nos foi o parceiro escolhido para adaptar as suas torres (não especificou quantas) e garantir a cobertura de internet aos aviões que cruzam o continente português (as regiões autónomas ficarão fora desta cobertura). Quanto mais alto as torres estiverem, melhor. Em Espanha, por exemplo, serão adaptadas 32 torres.
O satélite em banda S da Inmarsat que vai transmitir os dados para as aeronaves foi lançado para o espaço em Junho do ano passado, a bordo do foguetão Ariane 5, e completou os respectivos testes em Setembro, altura em que ficou pronto para a operação comercial. Esta nova tecnologia de internet sem fios a bordo dos aviões "deverá estar comercialmente disponível no primeiro semestre de 2018 em alguns voos dentro da Europa", especificou a Nos.
Em comunicado, o administrador da Nos Manuel Ramalho Eanes diz que "a escolha da EAN distingue a Nos como operador móvel com a infraestrutura necessária para assegurar a fornecimento da próxima geração de conectividade para este projecto. Esta parceria coloca a Nos, mais uma vez, como um player de inovação num projecto único em todo o mundo".
Aviões terão de receber antenas novas
Para que as aeronaves possam beneficiar desta tecnologia terão de instalar duas antenas, uma para receber o sinal do satélite e outra para captarem a rede das antenas terrestres. Serão as companhias aéreas a definir as "condições de acesso ao serviço, sendo que o utilizador final deverá ter acesso ao serviço sob a forma de Wi-Fi a bordo". O que implicará ainda que seja instalada infraestrutura sem fios a bordo de cada aeronave, que permita fazer o sinal chegar aos telemóveis ou computadores dos passageiros.
Acima dos mil metros de altitude, o sistema funciona com o sinal LTE – 4G – das antenas terrestres "que apontam para cima (ao contrário de uma rede convencional móvel em que as antenas apontam para o lado)", especifica a Nos. Este sinal "pode chegar tipicamente até às altitudes de cruzeiro dos voos comerciais", que podem ir até aos 12 mil metros. Abaixo dos mil metros, "a cobertura pode ser assegurada através do satélite".
A Inmarsat já recebeu encomendas para instalar os sensores em 1.200 aeronaves, de companhias como a Avianca, Qatar Airways, Lufthansa Group, International Airlines Group (dono da Iberia e British Airways), Air New Zealand, Singapore Airlines and Norwegian Air Shuttle.
Para que este sistema possa operar, o consórcio da EAN precisa de duas licenças de cada estado-membro da UE, uma para a componente de satélite e outra para a componente terrestre, de acordo com a BBC. E em Junho, a Inmarsat dizia que já as tinha conseguido, faltando apenas as licenças para o modo de satélite em França, Alemanha e Reino Unido.
Concorrentes dizem que sistema viola a licença
A BBC também escreveu que uma empresa que concorre com este consórcio, a americana ViaSat (que conta com o apoio da Panasonic Avionics e da Eutelsat) apresentou queixa na Tribunal de Justiça da UE por considerar que o sistema não se baseia na componente de satélite, porque essa apenas lhe confere uma capacidade de 100 megabits por segundo. Na verdade, a principal fatia dessa capacidade é obtida através da componente terrestre (50 gbps).
Estas empresas consideram que isso viola a licença que a Comissão Europeia atribuiu à EAN, baseada na componente de satélite. A ViaSat e a Eutelsat planeiam lançar para o espaço o satélite mais poderoso de sempre, com uma capacidade de 1 terabit por segundo (ou seja, uma capacidade 20 vezes superior à da EAN), em 2020 ou 2021, e receiam que as companhias aéreas optem agora por um sistema inferior, acrescentou a BBC.