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Provocadora ou mecânica? Gigantes da tecnologia divididos sobre assistentes virtuais
Siri, Cortana, M, qualquer pessoa com um smartphone pode, teoricamente, ter ao seu dispor um assistente virtual. À medida que as empresas de tecnologia investem em inteligência artificial, aumentam as dúvidas quanto ao tipo de interacção que deve existir entre humanos e máquinas.
À medida que as gigantes de tecnologia competem para criar plataformas de inteligência artificial cada vez melhores, aumenta o escrutínio quanto às nuances de personalidade das suas assistentes virtuais e sobre que tipo de interacção devem ter com humanos, escreve esta terça-feira, 24 de Novembro, a Reuters.
Quando se pergunta à Siri, assistente virtual da Apple, o que ela desejaria beber, é rápida na resposta: "eu tenho sede de conhecimento", diz. A sua concorrente da Microsoft, a Cortana, opta por um "Martini muito, muito seco". Já a M, assistente virtual do Facebook, foge à questão e diz: "não tenho qualquer opinião sobre isso. Qual é a tua bebida favorita?".
Para os utilizadores, os assistentes virtuais são uma porta para poderosas ferramentas de inteligência artificial, algo que os programadores esperam que possa vir a influenciar a tomada de decisão sobre o que comprar e como passar os tempos livres.
As empresas de tecnologia conseguem cativar mais os consumidores, à medida que as assistentes virtuais acumulam dados sobre os hábitos, interesses e preferências dos utilizadores. Informações essas que depois podem ser usadas, por exemplo, para potenciar a publicidade direccionada.
Todavia, as empresas estão divididas quanto à melhor forma de criar uma ligação com os utilizadores. A Siri e a Cortana optam por ofensivas de charme, ambas são rápidas a fazer piadas, por exemplo. As suas personas bastante elaboradas estão criadas para garantir que os utilizadores voltam ao assistente.
Já o assistente M do Facebook não tem um género definido, voz ou personalidade. A sua construção assemelha-se à da assistente do Google, escreve a Reuters.
Ainda que cativantes, as assistente digitais com "personalidade" correm o risco de alienar utilizadores ou induzi-los em erro quanto ao real propósito do software: conduzir tarefas simples.
"Queremos que a M seja realmente aberta e capaz de fazer qualquer coisa – um papel em branco – e ver como as pessoas usam" essa ferramenta, disse Alex Lebrun, executivo do Facebook que lidera a equipa responsável pelo assistente virtual da empresa de Mark Zuckerberg, numa entrevista à Reuters.
Uma investigação conduzida por Clifford Nass, professor da Universidade de Stanford falecido em 2013 e especialista na interacção entre humanos e computadores, mostra que os utilizadores consideram mais cativante a inteligência artificial que se assemelha ao comportamento humano, ainda que, por outro lado, fiquem mais desapontados quando o sistema não está à altura das suas expectativas, o que aumenta os riscos para as empresas que optem seguir por esta via.
Por outro lado, o que cativa um utilizador pode aborrecer outro – um risco que tanto o Facebook como o Google decidiram evitar ou minimizar.