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OutSystems investe dez milhões para "tirar" software da mão dos informáticos
A empresa liderada por Paulo Rosado prevê que este investimento, com apoios financeiros do Estado já garantidos, vai fazer subir as vendas fora de Portugal para 107 milhões de euros e criar quase 150 empregos até 2020.
A tecnológica portuguesa OutSystems vai investir 10,4 milhões de euros num projecto de investigação e desenvolvimento (I&D), a concretizar em 2018, com o qual promete criar mais 148 postos de trabalho no espaço de três anos, dos quais 24 "altamente qualificados".
Com a designação "RADicalize", este projecto "pretende tornar real a disruptiva ideia de que o software das empresas e das organizações deve ser desenvolvido e modificado, de modo fácil e rápido, por quem conhece, de facto, o negócio e não por especialistas em informática".
Nas estimativas da empresa liderada por Paulo Rosado, o investimento vai catapultar as vendas anuais fora de Portugal para um valor acima dos 107 milhões de euros em 2019. No final do ano passado, o volume de negócios total rondava os 93 milhões de euros e empregava 347 funcionários em território nacional. Segundo fonte oficial, o número de colaboradores superou entretanto a meia centena.
"O projecto visa contribuir para a criação de importantes avanços técnico-científicos, nomeadamente no que respeita às plataformas de desenvolvimento rápido de aplicações móveis empresariais, gerando valor e conhecimento para o país, em geral, e para as regiões de Lisboa e do Norte, em particular, numa área de elevada intensidade tecnológica e com um elevado potencial de evolução", lê-se num despacho publicado esta segunda-feira, 11 de Dezembro, em Diário da República.
O diploma assinado pelo ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e pelo secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, aprova a minuta final do contrato de investimento firmado entre a AICEP e esta empresa de software e de consultoria informática, que fechou os dez primeiros lugares do Ranking de Internacionalização das Empresas Portuguesas de 2017, liderado pela Inapa.
O despacho, com data de 16 de Novembro, refere, sem detalhar, que, "dado o seu impacto macroeconómico, considera-se que o projecto reúne as condições necessárias à concessão de incentivos financeiros previstos para os grandes projectos de investimento". O Negócios já questionou o Ministério da Economia sobre quais os apoios públicos previstos, aguardando ainda a disponibilização dessa informação.
De Linda-a-Velha à Austrália
Fundada em 2001 por Paulo Rosado, um alentejano de Évora que se licenciou em Engenharia Informática pela Nova de Lisboa e que começou a carreira na Oracle, em Silicon Valley, a OutSystems anunciou em Fevereiro de 2016 o fecho de uma ronda de financiamento superior a 50 milhões de euros com um fundo de capital de risco norte-americano North Bridge.
De acordo com os dados oficiais, a empresa de tecnologia está actualmente presente em 52 países, actuando com mais de duas dezenas de indústrias. Além do escritório português, localizado em Linda-a-Velha (Oeiras), tem instalações nos Estados Unidos (Atlanta e Boston), Reino Unido, Holanda, Emirados Árabes Unidos, Singapura, Japão e Austrália.
Ao Negócios, através da assessoria de comunicação, a empresa de tecnologia recusou fazer comentários ou prestar mais esclarecimentos sobre este investimento, prevendo fazê-lo apenas depois de assinar efectivamente o contrato com a agência pública, o que "acontecerá muito brevemente".