Notícia
Multimilionários aceleram donativos de fortunas feitas no mundo da tecnologia
Os norte-americanos doaram uma quantia recorde de 471,4 mil milhões de dólares (396,99 mil milhões de euros) a instituições de caridade dos EUA em 2020, uma grande parte proveniente de fortunas feitas no setor de tecnologia.
19 de Junho de 2021 às 19:00
Os norte-americanos doaram uma quantia recorde de 471,4 mil milhões de dólares (396,99 mil milhões de euros) a instituições de caridade dos Estados Unidos em 2020, uma grande parte proveniente de fortunas feitas no setor de tecnologia.
O total estimado de filantropia — cerca de 70% originária em particulares — foi 3,8% maior do que em 2019, corrigido já pela inflação, de acordo com o relatório anual da Giving USA.
O maior aumento veio das fundações, que fizeram donativos de 88,6 mil milhões de dólares (74,61 mil milhões de euros), ou 15,6% a mais do que há um ano, num momento em que a pandemia tirou o emprego a milhões de cidadãos.
Os particulares doaram 324,1 mil milhões de dólares (272,94 mil milhões de euros), representando um acréscimo de 1%. Os donativos corporativos, que costumam acompanhar os lucros e os altos e baixos da economia, caíram 7,3% para os 16,9 mil milhões de dólares, cerca de 14,23 mil milhões de euros.
"Foi um ano sem precedentes em muitos aspetos", afirma Una Osili, diretora associada de investigação e programas internacionais da Faculdade de Filantropia da Família Lilly. "Em março, havia um desemprego recorde, mas à medida que o final do ano se aproximava, ocorreu um dos melhores períodos já vistos nos mercados financeiros e isso traz implicações para donativos de caridade porque as pessoas doam quando se sentem financeiramente seguras."
Um salto notável nas doações veio de MacKenzie Scott, escritora que foi casada com o fundador da Amazon, Jeff Bezos. Scott canalizou 6 mil milhões de dólares para uma ampla gama de organizações educacionais e sociais. Na terça-feira, dia 15, anunciou que doou 2,7 mil milhões de dólares adicionais.
"Estamos todos a tentar doar uma fortuna que foi viabilizada por sistemas que precisam de mudar", disse MacKenzie Scott. Numa publicação no Medium em julho de 2020, Scott anunciou donativos de 1,7 mil milhões de dólares a organizações sem fins lucrativos, incluindo faculdades e universidades historicamente frequentadas por negros e grupos que lutam por igualdade racial e de género e mobilidade económica. Scott pediu também a ajuda de consultores para "acelerar imediatamente o apoio às pessoas que sofrem os efeitos económicos da crise". Em dezembro de 2020, anunciou donativos de quase 4,2 mil milhões para 384 ONG.
Onde subiram e caíram os donativos em 2020
Jack Dorsey, cofundador da rede social Twitter e fundador da empresa de pagamentos Square, também teve um grande impacto no mundo da filantropia em 2020, quando prometeu alocar até mil milhões de dólares referentes à sua participação na Square numa entidade que financiaria um pacote de alívio global para a covid-19.
Mais recentemente, Dorsey doou os 2,9 milhões de dólares que arrecadou com a venda de seu primeiro tweet na forma de um token não fungível (NFT) à GiveDirectly, uma ONG que ajuda as camadas mais pobres do planeta.
Em 2021, o maior impacto no mundo da filantropia pode vir das consequências do divórcio iminente de Bill e Melinda Gates, dependendo do efeito da separação sobre a fundação que leva o nome dos dois e tem 50 mil milhões de dólares. Melinda anunciou em 2020 que a Pivotal Ventures, a empresa de investimento e incubação que detém, juntar-se-ia a Scott para lançar o Desafio Igualdade Não Pode Esperar, que dará um prémio de 30 milhões de dólares a organizações que apresentem maneiras de fortalecer as mulheres até 2030.
No Congresso dos EUA, também há esforços em andamento para estimular donativos de pessoas ricas a instituições de caridade de uma forma mais rápida. Os mais ricos costumam aproveitar uma redução tributária que permite a alocação de dinheiro em fundos de investimento e também permite que adiem a decisão sobre o donativo. Os incentivos fiscais dos chamados fundos aconselhados por quem faz donativos podem chegar a 57% do valor em questão.
O total estimado de filantropia — cerca de 70% originária em particulares — foi 3,8% maior do que em 2019, corrigido já pela inflação, de acordo com o relatório anual da Giving USA.
Os particulares doaram 324,1 mil milhões de dólares (272,94 mil milhões de euros), representando um acréscimo de 1%. Os donativos corporativos, que costumam acompanhar os lucros e os altos e baixos da economia, caíram 7,3% para os 16,9 mil milhões de dólares, cerca de 14,23 mil milhões de euros.
"Foi um ano sem precedentes em muitos aspetos", afirma Una Osili, diretora associada de investigação e programas internacionais da Faculdade de Filantropia da Família Lilly. "Em março, havia um desemprego recorde, mas à medida que o final do ano se aproximava, ocorreu um dos melhores períodos já vistos nos mercados financeiros e isso traz implicações para donativos de caridade porque as pessoas doam quando se sentem financeiramente seguras."
Um salto notável nas doações veio de MacKenzie Scott, escritora que foi casada com o fundador da Amazon, Jeff Bezos. Scott canalizou 6 mil milhões de dólares para uma ampla gama de organizações educacionais e sociais. Na terça-feira, dia 15, anunciou que doou 2,7 mil milhões de dólares adicionais.
"Estamos todos a tentar doar uma fortuna que foi viabilizada por sistemas que precisam de mudar", disse MacKenzie Scott. Numa publicação no Medium em julho de 2020, Scott anunciou donativos de 1,7 mil milhões de dólares a organizações sem fins lucrativos, incluindo faculdades e universidades historicamente frequentadas por negros e grupos que lutam por igualdade racial e de género e mobilidade económica. Scott pediu também a ajuda de consultores para "acelerar imediatamente o apoio às pessoas que sofrem os efeitos económicos da crise". Em dezembro de 2020, anunciou donativos de quase 4,2 mil milhões para 384 ONG.
Onde subiram e caíram os donativos em 2020
Jack Dorsey, cofundador da rede social Twitter e fundador da empresa de pagamentos Square, também teve um grande impacto no mundo da filantropia em 2020, quando prometeu alocar até mil milhões de dólares referentes à sua participação na Square numa entidade que financiaria um pacote de alívio global para a covid-19.
Mais recentemente, Dorsey doou os 2,9 milhões de dólares que arrecadou com a venda de seu primeiro tweet na forma de um token não fungível (NFT) à GiveDirectly, uma ONG que ajuda as camadas mais pobres do planeta.
Em 2021, o maior impacto no mundo da filantropia pode vir das consequências do divórcio iminente de Bill e Melinda Gates, dependendo do efeito da separação sobre a fundação que leva o nome dos dois e tem 50 mil milhões de dólares. Melinda anunciou em 2020 que a Pivotal Ventures, a empresa de investimento e incubação que detém, juntar-se-ia a Scott para lançar o Desafio Igualdade Não Pode Esperar, que dará um prémio de 30 milhões de dólares a organizações que apresentem maneiras de fortalecer as mulheres até 2030.
No Congresso dos EUA, também há esforços em andamento para estimular donativos de pessoas ricas a instituições de caridade de uma forma mais rápida. Os mais ricos costumam aproveitar uma redução tributária que permite a alocação de dinheiro em fundos de investimento e também permite que adiem a decisão sobre o donativo. Os incentivos fiscais dos chamados fundos aconselhados por quem faz donativos podem chegar a 57% do valor em questão.