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Entenda os despedimentos nas tecnológicas que já atingem mais de 135.000 pessoas

Os números impressionam, mas os analistas indicam que o setor tecnológico passa frequentemente por picos de despedimentos e acreditam que a situação atual terá pouco reflexo no mercado de trabalho, em termos gerais.
Marta Velho e Sílvia Abreu 24 de Novembro de 2022 às 09:39

A Hewlett-Packard (HP) juntou-se esta quarta-feira à lista de tecnológicas que, este ano, estão a acertar contas e a dispensar uma parte considerável da sua força de trabalho.

A empresa, que fabrica computadores e impressoras, anunciou o despedimento de 4 mil a 6 mil trabalhadores, a nível global, nos próximos três anos. A medida insere-se num plano que vai permitir à multinacional poupar 1.400 milhões de dólares anuais.

A plataforma Layoffs.fyi - que monitoriza os despedimentos nas tecnológicas desde a pandemia de covid-19 - indicava nesta quarta-feira que, desde o início do ano, 850 empresas tinham já comunicado a saída de 136.989 pessoas.

Olhando para a lista dos anúncios - que à data do fecho desta edição ainda não tinha em conta o caso da HP -, a Meta lidera a tabela de despedimentos, com a casa-mãe do Facebook a querer mandar embora 11 mil empregados, o correspondente a 13% da sua força de trabalho. Logo atrás está a Amazon, que quer despedir 10 mil pessoas (3% do número total de trabalhadores na empresa). No terceiro lugar do pódio aparece a Booking, caindo para menos de metade o número de funcionários afetados. Em julho, a tecnológica da área do turismo anunciou a saída de 4.375 pessoas.

A Booking é a única empresa no top 10 mundial dos despedimentos no setor "tech" que está sediada fora dos Estados Unidos, neste caso, nos Países Baixos. De resto, metade são de Silicon Valley. Quatro dos maiores anúncios foram feitos em novembro (Meta, Amazon, Cisco e Twitter), afetando um total superior a 28.500 trabalhadores.

De acordo com a consultora Challenger, Gray & Christmas, a meio de novembro, já tinham sido anunciadas 31.200 saídas nas tecnológicas, com este mês a prometer bater máximos desde setembro de 2015, em relação ao número de cortes anunciados no setor. O mês de outubro, com o anúncio de 9.587 saídas, bateu os valores de novembro de 2020.

As vagas de despedimentos em empresas "tech" têm picos, com o ano de 2009 a ser um dos mais agressivos desde que há registos, com a estimativa de mais de 174.000 pessoas afetadas. Depois, em 2014, saíram mais de 100 mil pessoas, e outras 79 mil em 2015, ano em que gigantes como a Microsoft, a Sony e Blackberry anunciaram reduções substanciais das suas forças de trabalho. Ainda assim, o pódio foi liderado pela HP, que anunciou a extinção de 30 mil posições.

Apesar dos números, o setor tecnológico respondeu apenas por 2,6% do total do desemprego nesse ano, nos Estados Unidos. Da mesma forma, os analistas acreditam que os despedimentos nas "tech" que estão a acontecer este ano beliscarão pouco o panorama geral de emprego.

"Apesar de os despedimentos nas tecnológicas afetarem as empresas e os seus trabalhadores, de forma individual, o mercado de trabalho no setor em geral é muito pouco afetado", explicou numa publicação no site da ADP Research Institute, Nela Richardson, economista-chefe da organização. "Na verdade, as empresas de tecnologia contrataram agressivamente durante a pandemia, aproveitando o aumento do comércio digital. À medida que a economia volta ao normal, é de se esperar que o emprego do setor de tecnologia também se normalize."

Os analistas da Goldman Sachs concordam. "A onda recente de cortes nas tecnológicas não é sinal de uma recessão. Os despedimentos no setor têm picos frequentes e não são um indicador de uma deterioração do mercado de trabalho. A maioria dos trabalhadores despedidos consegue encontrar novos empregos relativamente rápido", assegura uma nota de "research" publicada a meio de novembro.

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