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Carta de condução universal com contributo português

A Multicert integra o grupo de trabalho que vai definir as normas da futura carta de condução electrónica mas quer ficar responsável por garantir que os requisitos de segurança são cumpridos. Um negócio que pode dar grande visibilidade internacional.

Bruno Simão
25 de Junho de 2018 às 22:02
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A portuguesa Multicert já está envolvida na definição das normas da futura carta de condução electrónica universal, mas quer continuar a participar após a sua criação, enquanto entidade que garante o cumprimento dos requisitos de segurança.

A empresa especializada em soluções de segurança e certificação digital integra o grupo de trabalho criado pela International Organization for Standardization (ISO) especificamente para definir as normas, assim como a apresentação, da futura carta de condução electrónica, a qual poderá ser o primeiro documento de identificação global, reconhecido em qualquer parte do mundo.

O grupo de trabalho, que integra 40 entidades, entre os quais a Google, a Apple e o equivalente à direcção-geral de viação dos Estados Unidos, está reunido em Lisboa desde ontem e até quarta-feira para dar o segundo passo de um processo que se iniciou em 2017. De acordo com Jorge Alcobia, director-geral da Multicert, depois de ter sido já elaborado um primeiro "draft" de como deverá funcionar a certificação, o encontro de peritos que está a decorrer em Portugal servirá para que sejam feitos comentários de forma a que entre Setembro e Outubro seja concluída uma segunda versão, já "muito próxima da final".

O responsável diz, por isso, ao Negócios que "no início de 2019 a expectativa é que haja emissão de cartas de condução electrónicas em alguns países", nos quais entidades como o português Instituto da Mobilidade e dos Transportes terão de se certificar de acordo com essa ISO.

Menos tempo e custos

Além do reconhecimento universal, Jorge Alcobia destaca que a futura carta de condução electrónica terá como grandes vantagens ser mais difícil de falsificar, ao mesmo tempo que vai permitir reduzir o tempo e os custos com os processos de emissão e de expedição de cartas. A redução do custo, aponta, será da ordem dos 90% face ao actual documento físico.

Sobre o número de países que pode vir a adoptar o documento, Jorge Alcobia garante que "no limite serão todos". Se em Portugal há seis milhões de cartas de condução emitidas, o responsável salienta que em 200 países serão "milhares de milhões". Por essa razão explica que a Multicert está a posicionar-se para vir a ser quem valida que as entidades emissoras das cartas estão a cumprir os requisitos de segurança. "Era um negócio muito interessante e com enorme visibilidade internacional", afirma o responsável, explicando que neste momento a empresa portuguesa é o único candidato a ser essa entidade. "Já temos o que é necessário, já estamos preparados", garante ainda, remetendo no entanto a decisão para o consenso entre as entidades envolvidas.

O envolvimento da Multicert neste projecto deveu-se ao facto de ter já a tecnologia de base que permite suportar este tipo de documentos, explica Jorge Alcobia, acrescentando que além do cartão de cidadão e do passaporte electrónico, a empresa desenvolveu, por exemplo, projectos como o cartão para refugiados na Grécia ou um que reconhece documentos de viajantes no aeroporto de Hong Kong. A empresa foi chamada a desenvolver um protótipo da carta de condução electrónica nos EUA e depois da demonstração foi convidada a associar-se ao grupo de trabalho. 

Estados Unidos dinamizam

A estandartização das cartas de condução, com a criação de um documento universal, tem particular interesse para os Estados Unidos, país que tem sido especialmente dinâmico na adopção de uma solução que o permita normalizar. Isto porque, explica Jorge Alcobia, os EUA não têm apenas uma, mas 440 cartas de condução diferentes nos seus 52 estados, cada um dos quais com o seu equivalente a uma direcção-geral de viação. Para o director-geral da Multicert, se os EUA adoptarem o documento "é provável que sejam seguidos pela maioria dos países". Grandes gigantes tecnológicos como a Apple ou a Google também estão interessados no tema. A primeira pela possibilidade de suportar o documento nos seus smartphones, a segunda pelo potencial deste documento único como identificação.

TOME NOTA

O que muda com a carta electrónica

Os peritos ainda estão a definir as normas da futura carta de condução electrónica, mas certo é que será mais segura e  permitirá que vários actos sejam automáticos. 

Físico e electrónico

A carta de condução electrónica conduzirá ao desaparecimento do documento físico? De acordo com Jorge Alcobia, os peritos estão a apontar para que tenha lugar a emissão das duas, a física e a electrónica. No futuro, admite que a física venha a desaparecer. A expectativa, diz, é que este possa ser o mais próximo de um documento de identificação universal.

Mais difícil de falsificar

A informação que constará na carta de condução electrónica está ainda a ser consensualizada entre os peritos que integram o grupo de trabalho, já que o que for definido será válido para todos. Além de características de segurança que permitam às autoridades validar se a carta é verdadeira ou falsa, Jorge Alcobia antecipa que dela possam vir a constar por exemplo informação sobre os pontos dos condutores, que podem ser abatidos automaticamente em caso de condenação. No futuro, admite, pode vir a ter informação sobre acidentes.

Actos automáticos

Vários actos poderão passar a ser automáticos com este documento. Por exemplo, em caso de se pretender actualizar a carta com a habilitação para conduzir outro tipo de veículos será possível fazer essa modificação automaticamente. O mesmo se passa se um condutor ficar sem carta, já que, em vez de ter de a ir entregar às autoridades, ela ficará automaticamente suspensa.

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