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Broadcom oferece 130 mil milhões pela Qualcomm

A maior operação de sempre no sector tecnológico promete abanar a indústria de fabrico de "chips" e outros componentes electrónicos.

06 de Novembro de 2017 às 12:43
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A Broadcom oficializou a oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Qualcomm, naquela que é a maior operação de sempre do sector tecnológico, avaliada em 130 mil milhões de dólares (cerca de 112 mil milhões de euros).

 

A Broadcom colocou em cima da mesa uma oferta de 70 dólares (60 dólares em dinheiro e 10 dólares em acções) por cada acção, o que traduz um prémio de 28% face ao preço de fecho de quinta-feira. Na sexta-feira, 3 de Novembro, já tinham surgido notícias que davam como certa que esta operação iria ser anunciada esta semana.  

 

Apesar do prémio, o baixo preço da oferta será um dos argumentos que a administração da Qualcomm deverá utilizar para rejeitar a proposta, já que a cotada no ano passado negociava em bolsa acima do preço da oferta. Segundo uma notícia desta manhã da Bloomberg, a Qualcomm alega ainda que a oferta desvaloriza a empresa e deverá enfrentar fortes obstáculos por parte dos reguladores.

 

Em causa está a criação de um gigante do sector tecnológico, com forte presença no fabrico de vários dos componentes de telefones, servidores e outros aparelhos electrónicos. No ranking das fabricantes mundiais de "chips" surgiria em terceiro lugar, atrás da Intel e da Samsung Electronics, embora estas duas estejam mais focadas nos microprocessadores para computadores e a Qualcomm para "smartphones", onde é líder de mercado.

 
Maior negócio de sempre entre tecnológicas

O valor da operação quase duplica aquele que até agora é o maior negócio do sector tecnológico, quando a Dell comprou a EMC em 2015 por 67 mil milhões de dólares. 

A oferta em capital é de 103 mil milhões de dólares, soma à qual acresce a dívida da empresa alvo: 27 mil milhões de dólares.

 

"Esta operação vai posicionar a empresa conjunta como a líder global de comunicações, com um portfolio impressionante de tecnologias e produtos", refere o CEO da Broadcom, Hock Tan. "Não faríamos esta oferta se não tivéssemos a confiança de que os nossos clientes vão ficar agradados com a proposta", acrescenta.

 

Um dos argumentos da Qualcomm é a dificuldade do negócio ser aprovado pelos reguladores sem que sejam impostos fortes constrangimentos. É que a Broadcom teve dificuldades em que fosse aprovada a recente aquisição da Brocade Communications, enquanto a própria Qualcomm está em processo de aquisição da NXP por 47 mil milhões de dólares. Esta companhia holandesa tem como principal actividade o fabrico de chips para veículos de condução autónoma.

Para já a Qualcomm reagiu apenas de forma formal ao negócio, referindo que "vai avaliar a proposta tendo em conta aqueles que são os melhores interesses dos accionistas da Qualcomm".

 

As acções da Qualcomm dispararam 13% na sexta-feira, para 61,81 dólares, mostrando que o mercado ainda assim tem sérias dúvidas que a oferta possa ser concretizada. No ano passado a Qualcomm negociou em bolsa acima dos 70 dólares, mas nos últimos meses tem sido penalizada sobretudo pelas multas impostas por vários reguladores, um pouco por todo o mundo.

Uma empresa construída através de aquisições

A Broadcom é uma empresa relativamente desconhecida, sendo que o forte crescimento registado nos últimos anos foi conseguido sobretudo à custa das fusões e aquisições.

O actual CEO foi o fundador da empresa, que teve origem numa divisão da Intel. O salto foi dado em 2016, quando a Broadcom foi comprada pela Avago Technologies (empresa de Singapura) por 37 mil milhões de dólares. Na últimas sexta-feira, dia em que o negócio já era noticiado em Wall Street, a Broadcom disparou 5,5% para uma capitalização bolsista de 112 mil milhões de dólares. 

Hock Tan disse recentemente, num evento na Sala Oval ao pé de Donald Trump, que a sede da Broadcom ira mudar para os Estados Unidos. Segundo a Bloomberg,  a alteração é meramente simbólica, mas pode facilitar os movimentos de fusões e aquisições que a empresa tem em mente.


   

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