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BOE: Esteve à beira da falência e hoje é um símbolo da potência chinesa

A BOE esteve à beira da falência por duas vezes. A sua ascensão foi impulsionada pela generosidade do Estado.

06 de Abril de 2019 às 17:00
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Há 25 anos, a BOE estava à beira do colapso, uma gigante estatal que tinha caído de joelhos perante a tecnologia estrangeira de qualidade superior. Décadas depois, impulsionada pelos milhares de milhões injetados pelo governo e rebatizada como BOE Technology Group, a estatal é parceira da Apple e tem como meta tornar-se na maior fornecedora de ecrãs da próxima geração.

 

É uma reviravolta liderada por Wang Dongsheng, um contabilista que assumiu uma fábrica de tubos a vácuo no vermelho - e que depois implorou por ajuda financeira aos seus subordinados, tendo recorrido até à produção de elixir oral para pagar despesas. Mas o executivo finalmente obteve capital de Pequim para construir a maior fabricante de ecrãs planos, e planeou a ascensão da BOE com o objetivo de conquistar a excelência na produção de ecrãs: liderar o mercado de ecrãs flexíveis projetados para uma geração de smartphones maleáveis, como o Samsung Fold e, quem sabe, um futuro iPhone.

 

A BOE é atualmente símbolo da impressionante ambição tecnológica da China. As dificuldades financeiras que quase levaram a empresa à falência - esteve perto por duas vezes – já não são visíveis durante um passeio pela fábrica de sete mil milhões de dólares nos arredores de Chengdu, uma cidade do oeste da China, mais conhecida pelos seus temperos e pandas.

 

Com uma extensão suficiente para cobrir 16 campos de futebol, produz caros visores com diodos emissores de luz orgânica (OLED) que a Apple e a Huawei Technologies pretendem usar nos seus equipamentos.

 

Até o final deste ano, a BOE tornar-se-á a segunda maior fornecedora mundial de ecrãs de telefones OLED - apenas superada pela Samsung Electronics -, com capacidade mensal de aproximadamente 64.000 painéis, disse Zhang Yu, vice-presidente sénior de marketing.

 

É o suficiente para revestir seis milhões de telefones dobráveis por mês, tendo também como alvo o mercado de dispositivos portáteis, painéis de carros, eletrodomésticos e televisores. Caso se torne fornecedora do iPhone, como alguns analistas antecipam, a empresa saltará para o topo com as maiores no mercado de ecrãs para smartphones, que movimenta 39 mil milhões de dólares.

 

"A tela dobrável é uma força revolucionária que impulsiona a próxima grande mudança", afirmou Zhang. "Temos um plano geral para o negócio OLED. As telas para dispositivos móveis são apenas uma parte."

 

A ascensão da BOE é impulsionada pela generosidade do Estado. A empresa assinou acordos com autoridades em todo o país, como entidades estatais que prometeram ajudar o grupo a angariar pelo menos 20,5 mil milhões de yuans (2,7 mil milhões de euros) para outra fábrica em Fuzhou, no sul da China. Outros tipos de ajuda chegaram na forma de terrenos, eletricidade e políticas favoráveis.

 

É este tipo de ajuda que tem incomodado a administração Trump, mas nem tudo tem a ver com subsídios. Para abastecer a sua expansão, a dívida da BOE quadruplicou para um recorde de 118 mil milhões de yuans desde que começou a desenvolver a tecnologia OLED, por volta de 2014.

 

Sendo uma empresa de capital aberto e parceira da Apple e Samsung, a BOE tem conseguido escapar do escrutínio que assola a Huawei. Mas, em novembro, o jornal Korea Economic Daily revelou que a BOE estava entre as empresas chinesas que se teriam apropriado ilegalmente da tecnologia de ecrãs dobrável da Samsung, citando pessoas não identificadas na investigação e profissionais do mercado.

 

(Texto original: Secretive Founder Turns Dying Factory Into a China Tech Champion)

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