O jogador português Danny (na foto), que alinha pelo Zenit de São Petersburgo, Rússia, foi sujeito a uma intervenção cirúrgica após uma lesão num jogo da liga russa. O internacional português foi operado por José Carlos Noronha, que apoiou a preparação da cirurgia na solução da PeekMed, uma start-up portuguesa que desenvolveu um sistema que permite aos médicos ortopedistas planearem uma intervenção cirúrgica.

O comunicado enviado às redacções explica que o médico "trabalhou em parceria com a PeekMed, efectuando a preparação da cirurgia através do inovador software de reconstrução 3D desenvolvido em Portugal".

O especialista, segundo a mesma fonte, considera que "este software permite o planeamento de cirurgia traumática e não traumática com o apoio da reconstrução 3D. Foi por esse motivo que recorremos a este sistema para planear esta cirurgia". "O software facultou-nos informações importantes e com uma precisão apenas possível graças a uma tecnologia 3D, tornando assim todo o procedimento mais previsível", acrescentou.

Em Fevereiro do ano passado, João Pedro Ribeiro, formado em engenharia e um dos fundadores da PeekMed, contava ao Negócios que a solução PeekMed One permite aos ortopedistas "fazerem todo o processo de planeamento da cirurgia" antes da sua realização. Regra geral, os ortopedistas "quando estão a fazer o planeamento de uma cirurgia mais complexa [ao tornozelo, ao joelho ou ao pé] fazem uma TAC [tomografia computorizada]". E essa é a única análise que conseguem fazer. Mas a PeekMed One importa a TAC e gera um modelo tridimensional [3D] do osso, que é colocado "num ambiente que criamos para manipulação de estruturas 3D".

Nesse ambiente, ou seja numa janela deste "software", está também disponível uma base de dados com os materiais médicos, também em 3D, necessários à prática destas cirurgias. Assim, o modelo tridimensional do osso e os instrumentos vão estar na mesma janela permitindo a "manipulação de todas essas estruturas de uma forma livre e muito intuitiva".

O médico "consegue fazer toda a previsão da cirurgia, uma vez que vê o trauma do paciente, a extensão desse mesmo trauma ao longo de todo o volume e que material vai precisar. Quando chegar à cirurgia, sabe já o que vai encontrar e o que precisa de fazer para resolver o problema", explicava na altura o responsável.

Em Dezembro, foi anunciado que a Portugal Ventures, sociedade pública de capital de risco, investiu na empresa. Ao Negócios, João Pedro Ribeiro contou que este financiamento ia ser usado "para trabalhar ainda mais o 'software', do ponto de vista de funcionalidades e especialidades cirúrgicas". E também para "conseguir levar o 'software' a todos os ortopedistas, focando ainda mais em mercados como o Reino Unido e os Estados Unidos".