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"Gigantes" não olham a meios para se manterem "cool"

"Bolsos fundos" de gigantes como Facebook, Google e Apple permitem "comprar feito". Qualquer start-up com uma boa ideia pode ser um "alvo". Mas neste sector, as aquisições não se fazem por ganância, mas sim por medo

Tecnológicas nacionais preferem Angola e Brasil
25 de Março de 2014 às 15:00
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Raramente passa uma semana sem que um dos "gigantes" da alta tecnologia invista na aquisição de start-ups que lhe conferem três elementos: uma ideia ou um produto que acreditam conseguir rentabilizar, gente talentosa para juntar às suas fileiras e, "last but not least", clientela. Mas o que "gigantes" como o Facebook, a Google, a Apple e a Yahoo! estão a tentar comprar, acima de tudo, é a sua própria sobrevivência na indústria mais competitiva e de sucesso mais efémero em toda a História.


19 mil milhões de dólares, um valor próximo do produto económico português em um mês. O Facebook esmigalhou em Fevereiro todos os recordes com o valor pago por um serviço de mensagens instantâneas em forte expansão mundial. Muitos "ergueram o sobrolho", incluindo Bill Gates, que disse que "nunca teria pago um valor destes por uma empresa destas". Os investidores não se melindraram e levaram as acções a novos máximos.


Nem todas as aquisições feitas pelas maiores tecnológicas do mundo - norte-americanas, mas não só - têm este valor inédito. A maioria são pequenas aquisições - pequenas na perspectiva do comprador, de algumas dezenas de milhões de dólares. São start-ups com produtos que vêm colmatar uma lacuna no seu serviço ou cuja expansão o "gigante" quer absorver.


Foi o caso da compra, por mil milhões de dólares, do Instagram pelo Facebook. Ou do YouTube pela Google, em 2006. A Google já tinha um serviço de vídeo (o GoogleVideo) que fazia o mesmo que o YouTube. Mas era no YouTube que as pessoas estavam e era para o YouTube que as pessoas se dirigiam. Diz-se que a Google tentou fazer o mesmo com o Facebook, quando este mal tinha saído do dormitório de Harvard em que nasceu. Não houve negócio e, desde então, a Google tentou lançar várias redes sociais para competir com o Facebook, sem sucesso. A propósito, a Yahoo! tentou comprar o Facebook em 2006, por mil milhões de dólares. Hoje vale 170 vezes esse valor.


Na tecnologia, é difícil "correr atrás do prejuízo"
Situações como esta levam as "gigantes", hoje, a não olhar a meios para adquirir novas start-ups cujo produto e experiência querem absorver. Mas sobretudo porque não querer gastar agora pode levar a gastos ainda maiores para "correr atrás do prejuízo". "As gigantes pensam assim: se vemos uma nova tecnologia que achamos que será perene, popular e com a qual podemos fazer dinheiro, vamos fazer tudo para a comprar", diz ao Negócios, Michael Walden, professor de Economia da North Carolina State University.


Michael Walden diz que é com esse intuito que muitas start-ups se formam: crescer em popularidade e vender-se a uma "gigante" ou na bolsa. Por vezes, não têm escolha, para não "morrerem" têm de obter novo financiamento e juntarem-se a uma marca estabelecida. Mas o "medo de morrer" não é exclusivo das start-ups. Muito pelo contrário. "As empresas tecnológicas sabem que estão a lidar com um público com muito pouca lealdade. Hoje estão aqui, amanhã podem não estar", diz o académico.


19 mil milhões pelo WhatsApp é muito? "O valor de algo é aquilo que alguém está disposto a pagar para o comprar", diz Michael Walden, que salienta que "quando estes gigantes compram start-ups não estão a olhar apenas para o preço, estão a olhar para o futuro e têm perfeita noção de que não estão a comprar apenas mais um complemento para o seu negócio, poderão estar a comprar algo que assegura que o seu negócio - todo ele - permanece viável".

 

 

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