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Encontros de negócios em 5 minutos

Sente-se. Cumprimente o interlocutor e dê-lhe um cartão de visita. Descreva a empresa e saiba o que tem para oferecer quem está à sua frente. Analise pontos de convergência. Cinco minutos esgotados: está identificada (ou não) a oportunidade de negócio. Funciona assim o "speed networking".

Encontros de negócios em 5 minutos
01 de Julho de 2010 às 14:27
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Sente-se. Cumprimente o interlocutor e dê-lhe um cartão de visita. Descreva a empresa e saiba o que tem para oferecer quem está à sua frente. Analise pontos de convergência. Cinco minutos esgotados: está identificada (ou não) a oportunidade de negócio. Funciona assim o "speed networking".

Não é preciso subir ao primeiro piso da Associação Comercial de Lisboa para perceber que o evento de "speed networking" que lá decorre está animado. A um piso de distância do salão nobre, já se ouvem os ecos do esforço para conseguir resumir em cinco minutos toda a informação útil da empresa. E é bom que assim seja, porque, mal se esgota o tempo, Miguel Moreira toca a campainha e dá o alerta: "acabou o tempo". E pede para os participantes trocarem de posições. Mais ou menos rápidos na troca, os participantes avançam uma cadeira para iniciar mais um contacto de negócio.

Pedro Santos é um repetente e um crente. Garante que a participação nos eventos de "networking" lhe tem rendido muitos negócios. Os resultados podem não ser imediatos mas surgem. E exemplifica. Foi recentemente abordado por uma multinacional interessada nos serviços de tradução da Consenso Global. O contacto usado pelo interlocutor tinha-o entregado há um ano atrás num evento de "speed networking".

Maria Miguel passou menos vezes pelos encontros de negócios regidos a cronómetro, mas também faz um balanço positivo. Dois dias depois da primeira participação, no habitual seguimento do primeiro contacto estabelecido na reunião, conseguiu uma parceria com uma empresária que conheceu no evento. Dois anos mais tarde, a parceria mantém-se.

O conceito na base do "speed networking" popularizou-se nos Estados Unidos, mas hoje está disseminado pela Europa e um pouco por todo o mundo. O sucesso alcançado em vários países incentivou Miguel Moreira a trazer o modelo para Portugal e a criar uma proposta diferente de "networking": encontros de cinco minutos para trocar contactos e aflorar oportunidades de negócio ou parcerias.

Doze oportunidades de negócio em 60 minutos
Quem aceita o desafio tem garantido um mínimo de 12 reuniões por evento. Quem repete a dose, tem a garantia de que não explora um mesmo contacto duas vezes. E já lá vão 17 reuniões desde que surgiu a primeira, em Janeiro de 2008.

A Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) é parceira desde o início. A Associação Comercial de Lisboa (ACL) mais recentemente e só para os eventos realizados na capital. Bruno Martins, director da ACL, e Ana Rodrigues, directora executiva da ANJE, em Lisboa, são unânimes no balanço positivo que fazem da iniciativa, usada sobretudo por micro-empresas em início de vida, que tiram partido do canal para dar a conhecer as suas ofertas e criar mais rapidamente uma rede de contactos.

"Nos eventos tradicionais de 'networking', as pessoas têm tendência a falar com quem conhecem. Não está montada uma dinâmica que facilite o que se pretende, que é explorar novos contactos", explica Miguel Monteiro.

"Há muitas vezes alguma dificuldade em quebrar o gelo nos encontros de 'networking', uma questão que, neste tipo de modelo, é ultrapassada rapidamente", concorda a participante Maria Miguel, que não mostra dificuldades em organizar as palavras para dizer tudo o que quer no tempo permitido. Diz que para quem, como ela, já teve muitas vezes de apresentar a empresa, a tarefa não se revela difícil. É chegar, apresentar-se, focar os pontos-chave da empresa e, a partir daí, a conversa flui. Aprofundam-se, tanto quanto possível, as áreas que se percebe terem gerado algum interesse no interlocutor e levam-se para casa os contactos feitos para explorar melhor nos dias seguintes.

Nem para Francisco Jorge, um estreante no conceito "speed", o modelo parece ter trazido grandes dificuldades.

Um evento, diversos objectivos
O director de vendas da Matudis diz que é fácil perceber, logo no momento da apresentação, que postura tomar durante a conversa: ouvinte ou falante mais activo. Tudo depende do que se tem para oferecer, quem está do outro lado da mesa e do que interessa a quem está do lado oposto.
O que se retira do encontro quando a campainha soa pela última vez também depende do que motivou a participação. A perspectiva de Francisco Jorge era de médio prazo. "Ainda não sei quando, nem a que propósito, mas tenho a certeza que o 'networking' que fiz aqui me vai ser útil em alguma altura", defende. Não é provável que ganhe novos clientes, resultado da participação no evento, e também não é certo que ceda aos esforços de venda mais directos que experimentou com parte dos contactos travados, mas está satisfeito com a participação.

Antes das reuniões, os participantes assistem a uma palestra. Valter Barreira, especialista em 'networking' e director da Knowing Counts, é o orador convidado e, durante meia hora, gere expectativas e sensibiliza os participantes para o facto de o "speed networking" facilitar um primeiro contacto para troca de cartões. Converter o gesto numa oportunidade de negócio é o passo seguinte.

Pedro Santos sai dos eventos com as impressões pessoais de cada interlocutor no verso do cartão de visita. Nos dias seguintes, aprofunda os contactos e assegura que, em regra, não volta a insistir. Já teve várias provas de que quando surgir uma oportunidade quem recebeu a sua informação irá lembrar-se do contacto feito na reunião e usá-lo ou passá-lo a quem precisa.








“No ‘speed networking’ há a sinceridade de dizer frontalmente quando uma proposta não interessa” Pedro Santos, Gerente

Empresa Consenso Global Sector Tradução Clientes Trabalha com empresas de todas as dimensões, mas sobretudo com grandes empresas multinacionais. Colaboradores 14, todos tradutores. Objectivos de participação em eventos de “networking” Procurar clientes e fornecedores.








Contactos directos ao assunto

Participa em várias iniciativas de “networking” e já é uma presença regular no “speed networking”. Pedro Santos, gerente da Consenso Global, lançou a empresa há 10 anos e garante que a participação nestas iniciativas tem dado um contributo importante para o negócio. Não só na angariação de novos parceiros e clientes, mas também de novos fornecedores. Se os contactos angariados nos eventos “puderem ajudar a empresa a comprar o que necessita a melhores preços tanto melhor”, defende.

No formato “speed”, o que mais aprecia é o facto de não haver tempo para a abordagem tradicional de “networking”. Não se troca informação sobre facturação da empresa, quantos empregados tem, onde se fixa. A introdução mais convencional é eliminada. “Há a sinceridade de dizer frontalmente quando uma proposta não interessa”, explica. A pressão do tempo faz com que as pessoas saltem uma introdução pouco relevante para uma parceria de negócio e se abram dizendo o que têm a dizer.

A lógica do "speed"
Desde que arrancou, levando para o mundo dos negócios um conceito que a Big Eventos já explorava num contexto social com o "speed dating", o "speed networking" acolheu mais de 6.200 reuniões. Muitos dos participantes chegam ao encontro por via da divulgação que a ANJE faz da iniciativa, na condição de parceira, mas a participação não está restrita aos sócios desta associação ou da ACL, embora estes tenham acesso a um desconto. A participação numa sessão de "speed networking" custa 27 euros, 22 euros para os associados das entidades parceiras. Quem participa tem, para além das reuniões, dois momentos de convívio com todos os participantes, incluindo aqueles com que não se cruza noutros momentos, e acesso a informação sobre os restantes participantes, postura a adoptar e alguns conselhos sobre como gerir os contactos ali feitos, para os transformar de facto numa oportunidade de negócio.
Lisboa e Porto foram, até agora, as únicas cidades a acolher o conceito, com destaque para a capital.
Está em estudo a expansão a outras cidades, como Leiria ou Coimbra.

Próximo "speed networking"
8 de Julho, no Salão Nobre da Associação Comercial de Lisboa.








“Há muitas vezes alguma dificuldade em quebrar o gelo nos encontros de ‘networking’, que neste tipo de modelo é ultrapassada rapidamente” - MariaMiguel, Sócia-gerente
Empresa Design’98 Sector Design e publicidade Clientes Várias áreas, com destaque para a farmacêutica, cosméticos, entre outras Colaboradores 5 (núcleo principal) Objectivos de participação em eventos de “networking” Angariar parceiros e perceber como melhorar a oferta.








Encontrar parcerias

O que, à partida, pode parecer um concorrente, poderá ser um parceiro potencial com pontos de complementaridade a explorar. Esta foi a grande conclusão da segunda participação de Maria Miguel num evento de “speed networking”. A “designer” estava animada no fim do encontro com a possibilidade de melhorar a sua oferta graças a um dos contactos realizados nas 12 reuniões em que participou e explica que para si esse é mesmo um dos grandes atractivos do “speed networking” “fazer-nos perceber como podemos apoiar outras empresas” e melhorar a oferta.

Chegou ao encontro preparada com os tradicionais cartões de visita e com um pequeno panfleto onde resume os serviços prestados.

É mais um cartão-de-visita mas é também uma forma de mostrar “in loco”, e sem perder tempo, um dos serviços que a empresa tem para oferecer, já com um cheirinho das opções de “design” à disposição de quem possa interessar-se pela oferta.








“Ainda não sei quando, nem a que propósito, mas tenho a certeza que o ‘networking’ que fiz aqui me vai ser útil em alguma altura” - Francisco Jorge, Director de vendas
Empresa Matudis, grupo PepsiCo Sector Comércio de Produtos Alimentares (Matutano) Clientes Retalho alimentar Colaboradores 1000 Objectivos de participação emeventos de “networking” Alargar a rede de contactos.








Alargar a rede de contactos

Francisco Jorge confessa que foi a curiosidade pessoal a principal razão para se estrear no “speed networking”. Admite que já tem uma boa rede de contactos, mas foi a perspectiva de a diversificar que motivou o interesse pelo conceito, mais até do que a possibilidade de ali encontrar negócio. Na sua perspectiva, o cara-a-cara continua a ser um elemento importante da interacção social e profissional e, embora também tente explorar o potencial das redes sociais profissionais para renovar contactos, privilegia os formatos em que os dois interlocutores estão em presença.

Os encontros em cinco minutos têm este ingrediente e juntam-lhe a componente “speed”, mesmo à medida de uma agenda onde falta tempo. E foi atraído pela combinação que participou numa das reuniões acolhidas pela Associação Comercial de Lisboa.

Promete voltar para continuar a explorar novos contactos, sempre numa perspectiva de valor a médio prazo.


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