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Trabalhadores da RTP referem valor de 30 milhões para rescisões amigáveis
A Comissão de Trabalhadores (CT) da RTP disse hoje que, dos 42 milhões anunciados pelo Governo para financiar o plano de reestruturação da empresa, 30 milhões são destinados a indemnizações para rescisões amigáveis.
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"Do empréstimo de 42 milhões, 30 milhões [são] para indemnizações por mútuo acordo de despedimentos", disse hoje à Lusa Camilo Azevedo, porta-voz da CT da RTP, após mais uma reunião dos trabalhadores com a administração, salientando que aquele valor já era conhecido dos trabalhadores.
O ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, já havia anunciado que o Governo pretende recorrer a uma operação de emissão de dívida na ordem dos 42 milhões de euros junto da banca para financiar um plano de "transformação da RTP", que, indicou, será apresentado ao Governo a 1 de Março.
Em Janeiro o Diário Económico avançou com a notícia de um eventual despedimento de cerca de 600 trabalhadores, que não chegou a ser confirmado pelo ministro Miguel Relvas, mas hoje o porta-voz falou apenas no montante que será disponibilizado para as rescisões.
O encontro de hoje decorreu no seguimento da reunião de segunda-feira, durante a qual a CT recebeu da administração o "Plano de Desenvolvimento e Redimensionamento/Plano de Reestruturação da RTP", apelidado de "hermético e indecifrável" pelos trabalhadores.
Hoje, e em resposta ao plano, a CT entregou uma "carta com sete páginas de perguntas sobre o mesmo" e requereu um alargamento do prazo de 10 para 20 dias para emissão de um parecer às devidas respostas, alegando a "complexidade" e a grande "extensão da reestruturação da empresa".
Para o porta-voz da CT é por isso este momento "evidente que o prazo de Miguel Relvas não poderá ser cumprido", já que com o contributo dos trabalhadores "é impossível" o projecto estar finalizado até dia 1 de Março. "Compreendo que Miguel Relvas perdeu hoje o dossiê das autarquias, nós achamos que também devia perder o da RTP, porque isto já dura há um ano e meio e efectivamente não há trabalho de fundo", defende a comissão, que diz não entender a "urgência" do ministro dos Assuntos Parlamentares.
Ainda durante a reunião de hoje, a CT da RTP voltou a defender que "há certas funções" da empresa - "seja a Internacional, seja a função de arquivo nacional de imagens e som, seja a museológica, seja a cooperação tecnológica com África - que deveriam ser um "encargo do Estado e não do público".
"Também fizemos críticas sobre a forma como são importados os custos na RTP, exactamente em termos de saber quanto é que custam realmente os conteúdos", acrescentou o porta-voz.
Para dia 28 de Fevereiro está prevista "a reunião final" entre CT e administração mas para Camilo Azevedo, "ainda não se consegue ver nenhum cenário". "Estamos empenhados em modernizar a RTP (...) mas é preciso haver algum tempo e haver entrega de documentação e dados", assinalou.