A Liga desenhou um plano que prevê que os clubes de futebol encaixem 150 milhões de euros, todos juntos, em direitos televisivos por época, segundo informações recolhidas pelo Negócios.

A centralização dos direitos desportivos foi um dos temas centrais do programa eleitoral do actual presidente da Liga, Pedro Proença. E como a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) sublinhou em comunicado emitido na quinta-feira "continua a ser um dos temas de interesse prioritário para o quadriénio".

Deste montante, está previsto que o Benfica e o FC Porto recebem 40 milhões de euros cada, o Sporting 30 milhões e o restante valor seria distribuído pelos outros clubes. Estes valores não são fixos, dependendo de vários critérios como o desempenho desportivo de cada clube.

Este plano foi desenhado a pensar numa futura parceria com a Nos, patrocinadora do campeonato de futebol nacional.

Contactada pelo Negócios, a Liga remete qualquer esclarecimento para o comunicado divulgado na quinta-feira ao final do dia. Mas, segundo as mesmas fontes, a Liga está a preparar um enquadramento legal para avançar com o plano que implica que a entidade possa ter intervenção directa nos direitos de televisão dos clubes.

As recentes movimentações neste mercado, como o acordo entre a Nos e o Benfica para a compra da transmissão dos jogos do clube da Luz em casa, por 40 milhões de euros por época, mudaram o cenário em que foi desenhado este plano, já que constituem obstáculos imediatos para o plano inicial da centralização dos direitos de TV.

Além disso, o interesse da Altice em pequenos clubes - tendo fechado um acordo de princípio com o Boavista e estando em negociações avançadas com o Belenenses e o Vitória de Guimarães - pode ser mesmo a principal barreira, já que pressupõe a compra de direitos isoladamente para serem transmitidos.

Face a estas situações, a Liga está a reavaliar a situação dos direitos de TV em função dos contratos que poderão ser celebrados, tendo em conta que terá que respeitar os actuais vínculos. É nesse sentido que deverá avançar uma iniciativa de regulamentação para poder agregar todos os direitos, depois de expirados os contratos em vigor, em particular aqueles celebrados recentemente, como o do Benfica com a Nos ou o do Boavista com a Altice.

Para tal, vai ouvir os clubes em sede de reunião de direcção, anunciada no mesmo comunicado mas ainda sem data marcada, e possivelmente também em Assembleia Geral.