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Mário Vaz: "Os operadores e os media têm de trabalhar em conjunto"
Luís Mergulhão, CEO da OMD, defende que o tempo de fusões entre grupos de media "acabou". Já Mário Vaz, CEO da Vodafone, sublinha que um dos caminhos para sustentabilidade do sector pode passar por trabalharem em conjunto.
A revolução tecnológica alterou o panorama do sector dos media, que nos últimos anos se tem debatido com alguns problemas financeiros com a queda das vendas de jornais e do investimento publicitário. De que maneira os media podem alterar este cenário e voltar à sustentabilidade financeira? As parcerias com outras entidades, como as operadoras de telecomunicações, é um dos passos apontados por Luís Mergulhão, CEO do Grupo OMD, e também por Mário Vaz, CEO da Vodafone Portugal.
"O tempo de fusões entre grupos já acabou", defendeu Luís Mergulhão durante a conferência dos 28 anos da TSF, acrescentando que agora o mais próximo que poderá haver é o estabelecimento de "parcerias, numa lógica de sinergias, com outras entidades como ‘carriers’, que distribuem conteúdos televisivos", sustentou.
Uma opinião que o presidente executivo da Vodafone Portugal partilha, no que toca a parcerias para distribuição de conteúdos, e até, como acontece já em alguns mercados, para conteúdos patrocinados: "na Europa, e nomeadamente em Portugal, olha-se para este tema de uma forma conservadora".
Esta modalidade, que tem ganho força em vários mercados como o norte-americano, sendo utilizada por títulos como o Wall Street Journal ou o New York Times, tem gerado algumas dúvidas e críticas no Velho Continente, nomeadamente no que toca a regulação, por meter o ‘carimbo’ de uma marca num conteúdo informativo.
"Os modelos de negócio mudaram", sublinhou Mário Vaz. "Não podemos não fazê-lo com receio das implicações regulatórias", sustentou.
Para o CEO da Vodafone Portugal, uma das soluções para a sustentabilidade do negócios dos media, e para acompanhar a revolução tecnológica, pode passar por os órgãos de comunicação social e os operadores darem as mãos: "Os operadores têm necessidade de ter uma base de clientes alargada. Temos de conseguir trabalhar em conjunto a vertente das audiências", comentou.
Já Luís Mergulhão alertou para a importância da qualidade da marca dos títulos de media. Uma característica que para o especialista do sector tem, e vai ter ainda mais, peso na captação de publicidade e parcerias. Além disso, defende que um dos trunfos para o sector conseguir acompanhar a nova era digital pode passar por adaptar diferentes abordagens às distintas plataformas onde os títulos estão presentes.
O evento da TSF, que a partir de amanhã passa a ser comandada por David Dinis, em substituição de Paulo Baldaia, teve como principal objectivo homenagear Emídio Rangel.
Durante a conferência, foram vários os convidados que relembraram histórias vividas com o fundador da rádio do grupo Global Media, bem como o seu contributo para o jornalismo.
"Estamos a precisar de um Emídio Rangel mais do que alguma vez precisámos", disse Carlos Magno, presidente da ERC. O líder do regulador dos media relembrou o actual momento complicado quero sector está a passar: "A informação está a falhar redondamente", sublinhou.
Carlos Magno acrescentou ainda que, na sua opinião, as principais fragilidades do sector são a "proletarização dos jornalistas e a profissionalização das fontes".
Uma visão partilhada por Pacheco Pereira, que apontou também várias críticas ao actual panorama do jornalismo, como só dar voz a uma franja da população, principalmente em Lisboa, onde se situam as sedes da maioria dos títulos.
Já Daniel Proença de Carvalho, presidente da Global Media, tem uma visão menos pessimista: "O sector passou por uma reestruturação e as mudanças tecnológicas brutais alteraram de forma radical os processos de informação", relembrou. "Vivemos num período de total liberdade e pluralismo a todos os níveis", apontou.