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Portugal atrasado na economia circular: “Mais engenharia, precisa-se!”
“Portugal tem de introduzir mais tecnologia e novos modelos de negócios, mais indústria 4.0, mais desmaterialização de processos, mais sistemas produto-serviço e mais plataformas colaborativas e de partilha. Tudo isto só se consegue com mais engenharia”, alerta o líder do ISEC.
O compromisso de Portugal com Bruxelas, no âmbito da economia circular, de chegar a 2030 com um nível de incorporação de 86% de resíduos na economia e a criação de 36 mil empregos diretos, está em risco se o país não introduzir mais e melhor engenharia, tecnologia e logística, nos novos negócios de reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e de energia.
"A economia circular é uma das prioridades da União Europeia, consagrada no Acordo de Paris, mas está muito atrasada em Portugal em domínios que vão da recolha de materiais, à separação dos resíduos por categorias, à reciclagem ou à sua reutilização", afirma Mário Velindro, presidente do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), onde esta quinta-feira, 21 de março, se realiza uma conferência subordinada ao tema "Economia circular - Uma visão para o futuro".
"Portugal tem de introduzir mais tecnologia e novos modelos de negócio, mais indústria 4.0, mais desmaterialização de processos, mais sistemas produto-serviço e mais plataformas colaborativas e de partilha. Tudo isto só se consegue com mais engenharia", conclui Mário Velindro.
Segundo o mentor da conferência no ISEC, "o processo da economia circular em Portugal exige que engenheiros – tal como designers, arquitetos, transportadores e outros profissionais e setores – concebam produtos e serviços com maior e melhor potencial para serem reutilizados", frisando que "o desenho dos materiais, a utilização de produtos duráveis e separáveis, tal como a incorporação de componentes reutilizáveis são passos fundamentais que, em Portugal, a comunidade técnica terá de dar".
Para Mário Velindro, "a inovação tecnológica e a indústria 4.0 que se faz em Portugal têm de se orientar, de forma transversal, para a reutilização: é absolutamente prioritário assumir esta prioridade", afirma, em comunicado.
Com uma ressalva: "Esta prioridade é política, naturalmente, mas tem também de ser empresarial. Ou seja, tem de começar logo no ensino superior, que é onde são formados os futuros quadros das empresas", alerta.
Com a participação de líderes da indústria, da banca e do IAPMEI, na conferência do ISEC, que será encerrada pelo ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, um dos temas centrais em discussão será, obviamente, o Plano de Ação para a Economia Circular da Comissão Europeia, que contempla 50 propostas de ação ou de medidas de legislativas, distribuídas por cinco áreas principais de atuação: produção, consumo, gestão de resíduos, mercado de matérias-primas secundárias e medidas horizontais para inovação e investimento.