Notícia
Onofre lidera os piores anos da indústria mais sexy da Europa
Luís Onofre é reeleito esta segunda-feira para um segundo mandato de três anos à frente da associação do setor (APICCAPS), numa altura em que as previsões dos empresários portugueses de calçado para o estado dos negócios são as mais pessimistas de sempre.
Após uma década de grande sucesso, com as exportações a aumentarem mais de 50%, a indústria portuguesa de calçado caiu no ano passado e, agora, com a pandemia da covid-19, vê o seu futuro com pessimismo face à previsão de que o consumo mundial de sapatos possa cair22,5% este ano.
É neste contexto que Luís Onofre, cuja empresa também aderiu ao layoff e esteve a produzir máscaras, é esta segunda-feira, 20 de julho, reeleito presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), para um novo mandato de três anos.
O último boletim de conjuntura da APICCAPS não deixa margem para dúvidas sobre o pessimismo dos empresários do setor que se ao estrangeiro como "a indústria mais sexy da Europa". Com a pandemia, "a apreciação global que as empresas fazem do estado dos negócios degradou-se para níveis que já não se registavam desde 2005", lê-se no relatório, antecipando um agravamento de problemas no curto prazo.
"As previsões para o estado dos negócios são, por muito larga margem, as mais negativas alguma vez registadas nos 25 anos que leva este Boletim Trimestral de Conjuntura", conclui o estudo.
Entretanto, "numa altura em que o tema da reindustrialização voltou à agenda europeia, importa que Portugal crie condições para se afirmar, em definitivo, como líder no desenvolvimento de soluções integradas para o cluster do calçado", preconiza Onofre, que é, igualmente, o responsável máximo da Confederação Europeia da Indústria de Calçado.
À frente da APICCAPS, Onofre liderá uma equipa de 26 empresários de uma associação empresarial, de âmbito nacional com sede no Porto, fundada em 1975 e que representa toda a fileira do calçado em Portugal (Indústria de calçado, Indústria de componentes para calçado, Indústria de artigos de pele e Indústria e comércio de bens equipamentos).
Constituída por mais de 1 762 empresas, responsáveis por 44.161 postos de trabalho (dados do Ministério do Trabalho), a fileira do calçado e artigos de pele exporta mais de 90% da sua produção, que em 2019 ultrapassou os dois mil milhões de euros.
A produção de calçado e artigos de pele distribui-se maioritariamente por dois polos centrados nos concelhos de Felgueiras e Guimarães, por um lado, e Santa Maria da Feira, Oliveira de Azeméis e São João da Madeira, por outro. Mais a sul, na zona da Benedita, encontra-se outro polo do setor que, ainda que apresente menor expressão quantitativa, continua a ser muito relevante.