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Mercedes volta a cortar previsão de margem de lucro anual. Ações caíram 8%

É o segundo corte em menos de dois meses, que a fabricante alemã justifica com a queda na procura por parte da China e a crescente tensão comercial sobre tarifas entre a União Europeia, os EUA e a China.

Reuters
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A Mercedes-Benz cortou, pela segunda vez em menos de dois meses, a previsão de margem de lucro para o ano. A fabricante alemã já o tinha feito no último dia de julho, quando apresentou contas relativas ao primeiro semestre, que revelaram um recuo de mais de 20% nos lucros. Nessa altura, a fabricante alemã ajustou a orientação anual para os resultados líquidos para 10% a 11%, abaixo da meta anterior, de 10% a 12%. 


Face a uma crise acentuada no setor industrial alemão, que tem afetado sobretudo o ramo automóvel, a empresa renovou o corte da previsão de lucro para 2024, desta vez para uma margem entre 7,5% e 8,5%. 

A Mercedes anunciou, na noite desta quinta-feira, que espera que os lucros do grupo antes de juros, impostos e amoritzações (EBITDA) fiquem "significativamente abaixo" do ano anterior.

A revisão em baixa foi desencadeada por uma "maior deterioração do ambiente macroeconómico" do país, um reflexo da queda da procura chinesa pelos veículos, já que a própria China se tem demonstrado concorrência forte no fabrico de carros face à Alemanha.

O setor automobilístico europeu está sob pressão crescente, numa altura em que as tensões comerciais entre a União Europeia, os EUA e a China parecem não abrandar. 

Além disso, a desaceleração prolongada no setor imobiliário chinês tem sido motor de um abrandamento expressivo de uma das maiores economias do mundo.

"Estes fatores afetaram o volume geral de vendas na China, incluindo vendas no segmento 'top-end'. No geral, espera-se que o 'mix' das vendas no segundo semestre de 2024 permaneça inalterado em relação ao primeiro semestre e, portanto, mais fraco do que o esperado originalmente", explicou a empresa em comunicado. 

A decisão teve impacto nas ações da Mercedes. No índice alemão DAX, a fabricante está a desvalorizar 6,56%, mas esta manhã já chegou a perder 8%, tendo arrastado também o setor automóvel nas principais praças europeias para quedas de mais de 3%. 

A desvalorização das ações da fabricante alemã teve impacto noutras congéneres do país. A BMW cai 3,23%, ainda a digerir as consequências do anúncio da revisão em baixa da previsão de margem de lucro para 2024.

Para os analistas da UBS, citados pela CNBC, as "más notícias" por parte da Mercedes "não foram surpreendentes" - dadas as pressões atuais vindas da China -, mas observaram que, em comparação com outras empresas do meio, a dimensão do alerta vai provavelmente gerar maior receio entre os investidores, o que levará a novas revisões em baixa.

"O facto de o alerta sobre o lucro da Mercedes-Benz ser maior do que o da BMW e não estar relacionado com um grande 'recall' pode deixar o mercado confuso sobre a rendibilidade subjacente e a alocação de capital até 2025", explicaram, em nota.

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