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Produção chinesa inundada com excedente de leite devido à quebra da natalidade

Terceiro maior produtor de leite mundial está a enfrentar preços abaixo dos custos de produção. Importações estão a cair 13% neste ano.

Produtores de leite acusam Continente de "dumping"
20 de Setembro de 2024 às 11:57
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A quebra da natalidade, e uma descida da procura por leite e derivados que acompanha também o abrandamento generalizado do consumo no país, estão a provocar fortes excedentes, com muitos pequenos produtores obrigados a fechar portas perante preços de venda abaixo dos custos de produção, escreve a Reuters nesta sexta-feira.

A queda no consumo está também a conduzir a uma diminuição nas importações, com uma redução nas compras de leite e derivados ao exterior em 13% nos primeiros oito meses deste ano, por comparação com igual período do ano anterior.

As compras de leite em pó, que representam mais de um terço das importações, estão agora 21% abaixo do que estavam um ano antes, escreve a Reuters, a citar dados das alfândegas do país.


A agência escreve que o excesso de leite atual será uma da consequências não planeadas dos esforços das autoridades chinesas, nos últimos anos, para encorajar o aumento da oferta e promover o consumo dos produtos lácteos no país. Desde 2018, a produção de leite na China aumentou em 36%.

O consumo, porém, está em queda. As estatísticas oficiais chinesas indicam que após, um consumo de 14,4 quilogramas per capita alcançado em 2021, o consumo de leite por habitante diminuiu no ano seguinte para 12,4 quilogramas. 

Em 2023, a taxa de natalidade tocou mínimos de sempre na China, nos 6,39 nascimentos por mil habitantes (12,43 em 2017). O abrandamento da economia também estará a limitar o consumo da população, sem que a promoção de consumo de derivados de maior valor acrescentado, como queijo ou manteiga, esteja a produzir resultados. Quatro quintos do consumo de produtos lácteos é ainda de leite no país.

Enquanto isso, o preço médio de venda de leite pelos produtores segue já desde o ano passado abaixo dos custos médios de produção, nos 3,8 yuans por quilograma (cerca de 48 cêntimos, ao câmbio atual).

Muitas unidades estão a reduzir efetivos leiteiros, vendendo animais para carne, noutro mercado que enfrenta excesso de oferta, relata a Reuters.

Noutros casos, a opção é a transformação para leite em pó, o que tem aumentado excedentes do produto. A China produzia no final de junho deste ano mais 300 mil toneladas de leite do que aquelas que consome, mais do dobro do verificado um ano antes.

A opção pela exportação do produto é também difícil, escreve a Reuters, lembrando o escândalo de contaminação de leite em pó com melamina ocorrido no país em 2008, que provocou a morte de várias crianças. 

A agência indica que as exportações de produtos lácteos pela China estão a subir 8,9%, com o país a escoar 55.100 toneladas na primeira metade deste ano. Contudo, esta é apenas uma pequena fração daquilo que as unidades chinesas produzem a mais. 

A China também concorre com preços de produção muito mais baratos em países da região como a Nova Zelândia.

O excesso de oferta, por outro lado, é propício a que a China procure restringir mais as importações oriundas de países da União Europeia, assinala a Reuters. Nomeadamente, com novas barreiras administrativas impostas desde fevereiro do ano passado à entrada de leite em pó. 

Os produtores internacionais continuam ainda assim a ver o mercado chinês como tendo potencial de crescimento. "Ainda vemos o queijo em expansão", diz à agência Charlie McElhone, um responsável da organização de produtores Dairy Australia.

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