Notícia
Inapa não encontrou solução. Passo seguinte: insolvência
Administrador Judicial informa que o período de negociações deve ser encerrado depois de não ter sido encontrada uma solução para a sobrevivência da companhia.
A procura por uma solução para a Inapa falhou e a empresa deverá seguir para insolvência, deixando cerca de 200 trabalhadores com o futuro incerto.
O administrador judicial encarregado do processo fez saber nesta quarta-feira que "a devedora informou da impossibilidade de viabilização de um plano de revitalização, pelo que deve ser dado por encerrado o período de negociações", lê-se no documento assinado por Bruno Costa Pereira e publicado no portal Citius.
No ano passado, e após dificuldades de financiamento na subsidiária alemã, a Inapa apresentou-se à insolvência. Pelo meio ficou um pedido de financiamento ao Estado no valor de 12 milhões de euros, que o Governo recusou.
O desfecho tem ficado marcado por acusações mútuas entre a antiga administração da empresa e o ex-presidente da Parpública, que tinha cerca de 45% da companhia.
Ontem, na Comissão de Orçamento e Finanças, Frederico Lupi, ex-CEO da Inapa, insistiu nas críticas à entidade que gere as participações do Estado, dizendo que a Parpública esteve sempre a par das dificuldades, não tendo agido para salvar a empresa.
"Tenho 98 registos de diversos contactos feitos com a Parpública", revelou o gestor, explicitando que "nunca faltou acompanhamento da Parpública e também nós, enquanto administradores, não sentimos falta de acompanhamento da Parpública".
Poucas horas depois, na mesmo comissão, o ex-presidente da Parpública responderia afirmando que "o problema da Inapa era muito mais estrutural do que conjuntural", e agravou-se em 2019, com a aquisição da germânica Papirus Deutschland, que mais tarde estaria na origem da insolvência.
"A Inapa deu um passo maior que a perna" nessa aquisição, sustentou Realinho de Matos.
No final de setembro, os credores da holding, que também se apresentou à insolvência, deram luz verde à venda, em sede de liquidação da empresa, da Inapa Packaging à francesa Next Pack, por 20 milhões de euros, e da Inapa France à japonesa JPP por 25 milhões.
Entre os principais credores da Inapa estavam o BCP e o Novo Banco. A dívida bancária ascendia, segundo o antigo presidente da Parpública, a 167 milhões de euros.
A queda da empresa provocou perdas de mais de 8 milhões de euros ao Estado, através da Parpública, que era acionista com cerca de 45% da distribuidora de papel.