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Ex-CEO da Inapa: “Houve 98 contactos com a Parpública. Sempre acompanhou”
Frederico Lupi insiste que a entidade que gere participações do Estado estava a par dos desenvolvimentos na empresa que se apresentou à insolvência em 2024. E reitera que o Governo não respondeu a pedidos de reunião.
O ex-CEO da Inapa Frederico Lupi insiste nas críticas à Parpública, garantindo que a entidade que gere as participações do Estado esteve sempre a par da situação da empresa que no ano passado se apresentou à insolvência, deixando um rasto de dívidas a credores e um futuro incerto aos trabalhadores.
"A Parpública sempre acompanhou as atividades da Inapa", assegurou aos deputados da Comissão de Orçamento e Finanças, onde foi questionado na sequência de um requerimento do Chega.
"Tenho 98 registos de diversos contactos feitos com a Parpública", continuou Frederico Lupi, explicitando que "nunca faltou acompanhamento da Parpública e também nós, enquanto administradores, não sentimos falta de acompanhamento da Parpública".
No ano passado, e após dificuldades de financiamento na subsidiária alemã, a Inapa apresentou-se à insolvência. Pelo meio ficou um pedido de financiamento ao Estado no valor de 12 milhões de euros, que o Governo recusou. O executivo argumentou na altura que só teve conhecimento da situação da empresa depois de a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) ter suspendido a negociação das ações da companhia.
A queda da empresa, recordou Lupi, provocou perdas de 8,4 milhões de euros à Parpública.
Mas o caminho da Inapa podia ter sido outro, reiterou. Criticando os pareceres da Direção-Geral do Tesouro e Finanças, da Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial e da própria Parpública – que nuns casos não entende e noutros discorda – o antigo administrador recordou que o Governo anterior, através do Secretário de Estado João Nuno Mendes, tinha assinado uma decisão vinculativa de não financiar a empresa, decisão da qual só teve conhecimento quando já era tarde demais.
Avançou, ainda assim, com vários pedidos de audiência com o ministério das Finanças, mas não obteve resposta.
Questionado também sobre eventuais dívidas aos cerca de 200 trabalhadores da Inapa em Portugal, Lupi garantiu apenas que quando apresentou a demissão, a 22 de julho de 2024, não tinha havido despedimentos nem salários em atraso nem dívidas à Autoridade Tributária.
Frederico Lupi apresentou a demissão do cargo de CEO da Inapa em julho de 2024, depois de a empresa anunciar que iria avançar com um processo de insolvência, na sequência de uma falha de tesouraria de cerca de 12 milhões de euros na sua subsidiária alemã.
Fundado em 1965, o grupo Inapa tinha, antes da declaração de insolvência, quase 1.500 trabalhadores e operava em 10 países. Os principais acionistas são a Parpública, com 44,89%, a Nova Expressão, com 10%, e o Novo Banco, que detém 6,55%.
Em setembro, os credores da empresa aprovaram o relatório do administrador de insolvência, dando luz verde para a venda, em sede de liquidação, da Inapa Packaging à francesa Next Pack, por 20 milhões de euros, e da Inapa France à japonesa JPP por 25 milhões de euros.