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CEO da Bial: “Estamos a operar a mais de 100%”

No dia em que a farmacêutica anunciou que recebeu a aprovação para comercializar o seu segundo medicamento nos EUA, o CEO da Bial explica ao Negócios os contornos de um negócio que vale 700 milhões de euros neste mercado e a situação atual de um grupo empregador de mil pessoas.

António Portela, CEO da Bial, não avança objetivos de vendas: "2020 é um ano de muitas incertezas, neste momento não fazemos perspetivas." Ricardo Castelo
27 de Abril de 2020 às 15:41
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António Portela, CEO da Bial, revela que o grupo faturou 309 milhões de euros no ano passado, com as vendas internacionais, para mais de 50 países, a valerem três quartos (75,8%) do total.

 

Só no final do ano é que o vosso antiparkinsoniano Ongentys deverá chegar às farmácias nos Estados Unidos. Aprovado agora pelo regulador norte-americano FDA, por que é que vai demorar tanto tempo para estar disponível no mercado? 

O nosso parceiro irá definir a data de lançamento de Ongentys, que será concretizada até ao final do ano. A situação da covid-19 é ainda muito grave nos Estados Unidos, pelo que há vários cenários em análise. Ainda não está fechada uma data.

 

Quantas pessoas sofrem de Parkinson nos Estados Unidos?

Nos Estados Unidos estima-se que um milhão de americanos sofrem da doença de Parkinson. Na Europa, a European Parkinson’s Disease Association (EPDA) estima que existam 1,2 milhões de pessoas com Parkinson.

 

Com base nessa estimativa, qual é o valor potencial deste mercado para o Ongentys?

Em 2019, o valor do mercado de Parkinson nos EUA (dados IQVIA) foi de 760 milhões de dólares ou 686 milhões de euros. É o maior mercado de Parkinson a nível mundial.

 

Qual é o valor orçamentado pela Bial para os primeiros anos de venda do Ongentys nos Estados Unidos?

Esperamos vender cinco milhões ainda este ano. Para os próximos anos não podemos divulgar as nossas previsões dado que o nosso parceiro é uma empresa cotada.

 

Qual foi a faturação da Bial em 2019 e quanto valeram as exportações?

A faturação foi de 309 milhões de euros [contra 270 milhões no ano anterior], com as vendas nos mercados internacionais onde temos produtos disponíveis, que ultrapassam os 50 países, a representarem 75,8% do total.

 

E quais são os vossos principais mercados?

Espanha vale cerca de 30% das vendas, os Estados Unidos perto de 20% e a Alemanha 4,3%, sendo que os Estados Unidos, através do nosso parceiro local, é o principal mercado em vendas.

 

Quanto vale, em termos de vendas, os medicamentos próprios da Bial - o Zebinix e o Ongentys?

Os dois representam 58% da faturação do grupo. O Zebinix representa 40%, sendo os Estados Unidos o principal mercado (46%), seguido de Espanha (38%). Já o Ongentys, incluindo "milestones", representa 18%.

 

Que impacto produtivo, comercial e laboral a covid-19 está a ter na actividade da Bial?

Não conseguimos ainda ter noção desse impacto. Neste momento estamos a operar a mais de 100%, para conseguirmos garantir que temos stocks dos nosso medicamentos, nomeadamente daqueles que podem ser fundamentais em situações de crise. Temos a generalidade da equipa em teletrabalho, nomeadamente toda a nossa equipa comercial. A segurança da nossa equipa é prioritária. Temos em curso um rigoroso plano de contingência com o objetivo de manter nossa atividade produtiva, assim como assegurar os projetos e compromissos de I&D que temos em curso.  

 

Mesmo em tempos de pandemia, é possível avançar a facturação que a Bial tem orçamentada para este ano?

2020 é um ano de muitas incertezas, neste momento não fazemos perspetivas.

 

Qual foi o resultado líquido da Bial em 2019?

Não falamos de resultados líquidos. Apenas posso adiantar que foi positivo

 

Quantos trabalhadores tem actualmente a Bial?

Tem 1.007 colaboradores, dos quais 155 pessoas (62 Doutorados) a trabalhar em I&D, de 14 nacionalidades (Portugal, Espanha, França, Brasil, Hungria, Rússia, Reino Unido, India, Itália, Alemanha, Suíça, Bulgária, Lituânia e Suécia).

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