A assembleia-geral de accionistas do Deutsche Bank está a ser tudo menos tranquila. O plano de aumento de capital, avaliado em oito mil milhões de euros, está a ser contestado esta quinta-feira, 22 de Maio, por um dos quinze maiores accionistas do banco, o fundo Union Investment, segundo o "Financial Times".

O anúncio é considerado como "surpreendente", segundo o gestor da Union Investment, Ingo Speich. Numa declaração durante a reunião de accionistas, Speich contestou o "timming" do anúncio do aumento de capital, que revela um "contraste profundo com a posição a longo prazo assumida pelo banco", referiu, citado pela mesma fonte. Os responsáveis da marca alemã consideram que não há qualquer reviravolta e que o plano de aumento de capital, o segundo em pouco mais de um ano.

Ingo Speich desabafou que se "perdeu a confiança dos accionistas. O aumento de capital não vem ajudar à situação". Citado pela Reuters, o gestor de fundos questiona mesmo: "Quando é que este pesadelo vai acabar? Os accionistas e os investidores estão a perder a paciência em batalhas legais, multas e falhas na gestão" do banco.

O banco tem tido alguns problemas com as autoridades. Em Março de 2014, o banco alemão foi alvo de buscas no âmbito da investigação à alegada conspiração do Deutsche Bank para acabar com o grupo de media Kirch.

Em Dezembro de 2013, a instituição alemã foi multada pela Comissão Europeia em 1,04 mil milhões de euros por cartel no sector dos derivados em euros, em conjunto com outros três bancos europeus.

Além da contestação dos accionistas, a assembleia-geral tem registado vários protestos. Um dos presidentes executivos do banco, Anshu Jain, chegou mesmo a ser interrompido por um grupo de manifestantes antes de iniciar o discurso na reunião.

O aumento de capital do Deutsche Bank foi anunciado no domingo, 18 de Maio, e prevê duas fontes de financiamento: 1,75 mil milhões de euros através do fundo de investimento do fundo de investimento da família real do Qatar e os restantes 6,3 mil milhões de euros através de uma oferta de novas acções junto de investidores institucionais.

O objectivo desta operação é elevar o rácio de solvabilidade "core tier one" de 9,5% para 11,8%, em ano de testes de stress do Banco Central Europeu. 

As acções do Deutsche Bank estão a subir 0,28% para 30,255 euros.