Notícia
SDC faz aumento de capital que dará mais poder à Investéder
A Investéder propõe-se a converter quase 6 milhões de créditos em capital da SDC Investimentos. Concretizando-se, supera os 90% do capital que não conseguiu na OPA. Assim, espera conseguir capitalizá-la e retirá-la da actual débil situação financeira.
A Investéder, empresa de António Castro Henriques e Gonçalo Andrade Santos, acredita estar a criar condições para capitalizar a SDC Investimentos e para melhorar a sua situação financeira. O primeiro passo para isso é a conversão de créditos em capital, que lhe dará maior liberdade nas decisões. A conversão será feita num aumento de capital.
Para 12 de Dezembro foi agendada uma assembleia-geral da SDC Investimentos em que é proposto um aumento de capital de 5,94 milhões de euros, operação que será realizada com base na conversão de créditos que esta empresa detém sobre a sua participada, segundo comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Neste momento, a SDC Investimentos – que detém um terço da Soares da Costa Construções – é detida, em 77% pela Investéder, posição que a empresa dos gestores da empresa conseguiu através da oferta pública de aquisição a 2,7 cêntimos e, também, por via de aquisições em bolsa. São cerca de 123 milhões de acções, do total de quase 160 milhões representativos do capital da sociedade, nas suas mãos.
Com o aumento de capital, serão emitidas mais 200 milhões de novas acções, que serão subscritas pela Investéder mediante a conversão de créditos, o que fará com o capital da SDC Investimentos seja representado por 380 milhões de títulos. Destes, 342 milhões serão imputáveis à Investéder, o que quer dizer que a empresa ficará com 90,32% do capital.
SDC Investimentos centrada no imobiliário
Vendendo as posições na área das concessões, a SDC Investimentos tem centrado a sua posição no imobiliário. Além disso, é ainda accionista minoritária da Soares da Costa Construções, que está em Processo Especial de Revitalização (PER).
Liberdade para sanear
Com esta participação, fica aberto o caminho para que a Investéder consiga maior liberdade na condução da melhoria da situação financeira. Com 77% do capital, não conseguia essa autonomia, mas com 90% poderá avançar para uma série de mecanismos sem a oposição de outros investidores.
Aliás, a administração da SDC, na proposta divulgada à CMVM, explica que a Investéder poderá avançar para "a aquisição da totalidade das acções representativas do capital social" da SDC Investimentos, ou seja, chegar aos 100%. Assim, espera a empresa presidida por Castro Henriques, poder-se-á "proceder a uma adequada capitalização da sociedade participada, designadamente mediante a utilização de créditos, pelo respectivo valor nominal, para a realização de prestações acessórias sob a forma de prestações suplementares, para aumento do capital social e/ou para cobertura de prejuízos".
Neste momento, a Investéder tem créditos de 130 milhões de euros sobre a SDC Investimentos (ainda incluindo os 5,9 milhões que serão convertidos no aumento de capital, caso haja aprovação). A SDC apresentava, em Junho um capital próprio negativo consolidado de 85 milhões de euros (desfazendo-se de todo o activo, ficariam responsabilidades neste momento por saldar).
No prospecto da OPA, e mesmo na entrevista dada ao Jornal Económico após a sua conclusão, a gestão da Investéder já tinha admitido vir a utilizar estas operações de saneamento financeiro.
Centrada no negócio imobiliário, a SDC Investimentos detém 33% do capital da Soares da Costa Construções, sendo que a sua intenção era vender aquele capital ao accionista maioritário (António Mosquito, na altura da OPA, que entretanto já saiu da estrutura accionista). A Soares da Costa Construções está, também ela, a tentar recuperar-se, tendo apresentado um novo plano de revitalização.
"abrir caminho para que, numa segunda fase, em particular após a aquisição da totalidade das acções representativas do capital social da sociedade pela Investéder, possam ser finalmente definidas e adoptadas as outras medidas (de impacto bem mais significativo) que se mostram indispensáveis à sustentabilidade financeira do Grupo SDCI". ponto 2 da ordem de trabalhos da assembleia-geral de 12 de Dezembro de 2017 da SDC Investimentos
Deixa de ser SGPS
Para a mesma assembleia-geral de accionistas da SDC Investimentos de 12 de Dezembro, a administração propõe a votação de alterações de estatutos, designadamente retirando a indicação de que é uma sociedade gestora de participações sociais (SGPS). A SDC Investimentos passa a ter um objecto social distinto: "investimentos mobiliários e imobiliários, incluindo aquisições e alienação de créditos, prestação de serviços de gestão e coordenação de actividades de sociedades".
Outro dos pontos é a diminuição dos anos dos mandatos dos órgãos sociais, como a administração e a fiscalização, que passam a ser de dois anos e não de três, como até aqui. O número máximo de administradores também desce de 12 para cinco.
Cotação mais do que duplica OPA
A Investéder foi adquirindo os créditos sobre a SDC Investimentos, para que ficasse facilitada a gestão de toda a dívida desta companhia se viesse a ser o seu maior accionista (o que seria garantido apenas com a venda da posição do accionista maioritário, Manuel Fino).
A OPA foi feita, no Verão, a 2,7 cêntimos por acção da SDC, valor em torno do qual negociavam os títulos em mercado. Contudo, no final de Setembro, dispararam sem razão aparente. Chegaram a superar os 10 cêntimos e, desde então, a cotação oscila entre os esse valor e os 6 cêntimos.
Esta quarta-feira, antes de divulgada a intenção de aumento de capital (operação que aumenta o número de acções e, portanto, dilui a posição relativa dos accionistas actuais), cada acção da SDC Investimentos fechou nos 6,8 cêntimos, uma quebra de 6,9% face à sessão anterior.