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Falência de credores não bancários é possibilidade e "preocupação" para Yellen

A secretária de estado norte-americana do Tesouro alertou ainda que os reguladores estão a monitorizar os riscos derivados dos credores hipotecários não bancários.

Michael Reynolds / Lusa-EPA
08 de Fevereiro de 2024 às 20:24
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A secretária norte-americana do Tesouro, Janet Yellen, afirmou esta quinta-feira que os reguladores estão a monitorizar os riscos derivados dos credores hipotecários não bancários e alertou que a falência de uma dessas instituições é um cenário possível em caso de uma degradação do mercado.

"O FSOC [Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira, que agrupa os principais reguladores dos Estados Unidos] está muito focado nisso porque as empresas não bancárias que oferecem crédito imobiliário não têm acesso a depósitos, ao contrário dos bancos", disse Yellen, num dia em que esteve a ser ouvida no comité da banca no Senado.

As instituições não bancárias têm aumentado cada vez mais a sua presença no mercado de crédito hipotecário, mas a sua forma de financiamento de operações baseia-se em instrumentos de curto-prazo, que são mais voláteis.

Por não serem instituições bancárias também não têm direito ao instrumento de financiamento de urgência da Reserva Federal, conhecido como "discount window", que permite empréstimos de curto-prazo por parte do banco central a bancos comerciais como forma de fornecer liquidez no curto-prazo. A contrapartida é o pagamento de uma taxa de juro, que neste momento se encontra em 5,5%.

São instituições que "dependem de financiamento a curto prazo que pode ser muito menos estável do que os depósitos e, em alturas de 'stress', as suas linhas de crédito podem ser retiradas", explicou a responsável norte-americana.

Por isso, acrescentou, "há preocupações de que em situações de mercado 'stressadas' possamos ver a falência de uma destas instituições. Isto tem-se tornado muito, muito significativo no mercado hipotecário".

O aumento da quota de mercado deste tipo de instituições, que é em si mesmo um risco, não tem acontecido sem alertas por parte dos responsáveis financeiros, particularmente no que toca ao atraso da supervisão. Ao mesmo tempo, as ligações à banca tradicional são cada vez mais complexas.

Em novembro, o FSOC delineou um plano para começar a colocar credores hipotecários não bancários sobre a supervisão da Reserva Federal, o que foi entendido como uma ameaça regulatória pelas empresas do setor, onde também estão fundos de investimento e empresas de investimento.

Esta integração poderia levar a que estas empresas fossem designadas de sistemicamente importantes- o que, em consequência, levaria a um aumento dos controles de supervisão. No entanto, este processo ainda não avançou.

Imobiliário comercial deve criar algum "stress" para bancos mais pequenos


O facto de vários estabelecimentos comerciais estarem vazios, o refinanciamento dos empréstimos para este tipo de imóveis, num cenário de elevadas taxas de juro, e menos ocupação dos espaços devido a uma mudança para o teletrabalho, podem criar alguns problemas para bancos mais pequenos, alertou a secretária do Tesouro.

Janet Yellen referiu que a exposição dos grandes bancos era "relativamente baixa", mas que bancos mais pequenos podem enfrentar dificuldades. "É óbvio que vai existir algum 'stress'", disse.

"Para alguns bancos isto vai ser uma preocupação, mas de forma geral, o sistema está bem capitalizado", esclareceu.

As declarações de Yellen ao Comité acontecem numa altura em que o New York Community Bancorp (NYCB) tem estado sob pressão, depois de ter revelado que ia proceder a um corte do seu dividendo, para ter mais capital, e reportado prejuízos inesperados, gerando uma onda de incerteza no setor.

Desde esse aviso o banco tem tentado assegurar os investidores de que tem liquidez suficiente, depois de ter perdido mais de 60% do seu valor em bolsa nos últimos oito dias, e a Moody's ter colocado o "rating" da dívida da instituição no "lixo".
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