A petrolífera estatal brasileira, após meses de meses de má publicidade devido a acusações de corrupção e amortizações de activos, reportou na sexta-feira resultados surpreendentemente bons, tendo em conta aquilo que se esperava.

A reagir aos lucros acima do projectado, a empresa esteve já a disparar 4,20%, para 14,65 reais por acção, mas entretanto inverteu e segue a ceder 1,21% para 13,89 reais.

Os investidores, após a euforia inicial, estão assim a proceder agora com mais cautela. Segundo o Valor Económico, apesar de os resultados terem sido bons, a empresa tem ainda de aumentar a geração de fluxo de caixa, sendo também preciso reduzir a sua dívida, pelo que há que usar de prudência na análise às contas.

No primeiro trimestre, a Petrobras registou um lucro de 5,33 mil milhões de reais (1,55 mil milhões de euros), uma queda de 1% face ao período homólogo de 2014 (quando reportou um resultado líquido de 5,39 mil milhões de reais (1,57 mil milhões de euros).

Em 2014, a petrolífera registou perdas recorde no valor de 21,6 mil milhões de reais (6,29 mil milhões de euros).

A dívida total da Petrobras aumentou 14% entre Janeiro e Março deste ano, face aos primeiros três meses de 2014, para 400,6 mil milhões de reais.

O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) aumentou para 21,5 mil milhões de reais (6,26 mil milhões de euros) no período em análise, quando no primeiro trimestre do ano passado tinha ascendido a 14,4 mil milhões de reais (4,19 mil milhões de euros).

Este EBITDA bateu em 23% as expectativas dos analistas, com o aumento do preço dos combustíveis a permitir que a unidade de refinação e distribuição da empresa se tornasse lucrativa pela primeira vez desde finais de 2010.

Recorde-se que a Petrobras tem sido alvo de denúncias sobre desvio de dinheiro, pagamento de subornos e branqueamento de capitais.

Além da corrupção, a Petrobras também contabilizou perdas de 44.600 milhões de reais (13.185 milhões de euros) devido à reavaliação dos activos, o chamado "impairment".

No âmbito do seu esforço para reduzir a dívida, a Petrobras quer vender o equivalente a 11,9 mil milhões de euros em activos nos próximos dois anos. Uma fonte com conhecimento do processo disse à Bloomberg que a empresa se prepara para emitir dívida no valor de quatro mil milhões de reais (1,1 mil milhões de euros) no mercado obrigacionista brasileiro.