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"Nova Abengoa" precisa de 1.655 milhões para sair do papel
O plano que está a ser negociado pela empresa espanhola com os credores já é conhecido. Contempla venda de activos, redução de custos operacionais, mas precisa de quase 1,7 mil milhões nos próximos dois anos.
A empresa espanhola de engenharia e energia Abengoa, a braços com problemas de liquidez e em processo de renegociação da dívida, propôs aos credores reduzir a exposição ao negócio de concessões, aumentar os serviços de engenharia e construção a terceiros e ser menos intensiva em capital para viabilizar a empresa.
Este eixos fazem parte do plano de viabilidade industrial dado a conhecer esta terça-feira ao final do dia e que pretende criar uma "Nova Abengoa", resolvendo a actual situação de pré-insolvência em que a companhia se encontra. A empresa quer primeiro concentrar-se nos projectos com maior rentabilidade e redimensionar custos, vendendo activos não estratégicos e preparando caminho a um programa de reestruturação financeira que ainda não foi definido.
O cenário escolhido entre os três que foram estudados coloca o valor da empresa nos 5.395 milhões de euros, sete vezes mais do que o valor estimado para uma possível liquidação.
De acordo com o plano, a venda de activos "não-core" deverá ser concluída no último trimestre do ano e permitir encaixar 473 milhões de euros até 2017. Está ainda previsto equilibrar a participação futura em concessões, condicionada à disponibilidade de fontes de financiamento e à existência de "parceiros fortes".
As necessidades financeiras para este ano e para o próximo estimam-se em 1.130 milhões de euros, a que se juntam mais 525 milhões de euros a aplicar este ano em garantias. No total, 1.655 milhões de euros de dinheiro fresco. Já a saída de projectos que exigem maior músculo financeiro terá uma redução de custos esperada de 2.095 milhões de euros nos próximos dois anos.
No novo modelo industrial, a proposta vê a carteira de encomendas da empresa a cair fortemente este ano para depois crescer até aos 2.500 milhões de euros em 2020, altura em que o cash-flow deve atingir cerca de 700 milhões de euros.
O plano aponta contudo a riscos, como a possibilidade de os custos de saída de projectos serem mais elevados, o atraso ou cancelamento de projectos, ou a dificuldade na redução de endividamento por falta de financiamento imediato. O atraso na resolução da situação de pré-insolvência em que se encontra também pode atrasar a venda de activos e diminuir o apetite dos investidores, lê-se no documento.
Os títulos da Abengoa disparam 8,2% em Madrid, às 12:10, para os 0,66 euros por acção.