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Eni e Galp querem furo de petróleo em Setembro

Depois de o Governo ter dado mais um ano para o consórcio Eni/Galp fazer o furo de pesquisa de petróleo na bacia do Alentejo, o processo está em consulta pública até 16 de Abril. O consórcio quer avançar no final do Verão, com a perfuração a durar 46 dias.

Miguel Baltazar/Negócios
06 de Março de 2018 às 22:00
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O consórcio da Eni e da Galp garante que está preparado para fazer o furo de petróleo no mar do Alentejo até ao final de 2018. O processo relativo a este furo foi submetido na segunda-feira a consulta pública pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), tendo a duração de 30 dias, com o prazo a terminar no dia 16 de Abril.

"A data de início da perfuração está estimada entre o fim do terceiro trimestre e o início do quarto trimestre de 2018. A duração das actividades de perfuração está estimada em 46 dias", pode-se ler no documento submetido pela Eni.

"O objectivo das actividades de sondagem de pesquisa consiste em avaliar a presença de hidrocarbonetos na área, sendo expectável que o hidrocarboneto seja líquido (petróleo). Após conclusão da avaliação, independentemente do resultado, o furo será selado com cimento e permanentemente abandonado", diz a petrolífera. A Eni é a operadora deste consórcio, detendo 70%, com a Galp a deter os restantes 30%. A empresa transalpina acredita que este furo "poderá ajudar a equilibrar as necessidades energéticas de Portugal".

A data de início da perfuração está estimada entre o fim do terceiro trimestre e o início do quarto trimestre de 2018. ENI

Terminado o prazo de consulta pública, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tem 20 dias para se pronunciar sobre a "susceptibilidade" do projecto "provocar impactes significativos no ambiente", conforme dita a lei. Depois, a "entidade licenciadora ou competente para a autorização do projecto emite decisão sobre a necessidade de sujeição a avaliação de impacte ambiental (AIA) num prazo de 25 dias", que começa a contar a partir da data de recepção de diversos documentos a descreverem o projecto, assim como a identificação e avaliação de impactes. Caso o projecto tenha que ser sujeito a AIA, o consórcio tem de apresentar o respectivo Estudo de Impacte Ambiental (EIA). O Negócios questionou a APA sobre este processo, mas não obteve respostas.

No final de 2016 o Executivo de António Costa já tinha decidido dar mais um ano à Eni/Galp para realizar este furo para avaliar se existe petróleo no mar do Alentejo. Ao chegar ao final de 2017, e sem a realização do furo, o consórcio voltou a pedir mais um ano, cuja autorização chegou no início de 2018, com o Governo a dar mais tempo à Galp para procurar petróleo no mar do Alentejo, avançou a Lusa em Fevereiro. O consórcio deveria ter feito o furo até 31 de Janeiro, mas o processo sofreu atrasos na aprovação do relatório sobre riscos graves e do Título de Utilização Privativa do Espaço Marítimo (TUPEM).

No entanto, o calendário avançado pela Eni/Galp para este ano é diferente da "janela de oportunidade" apontada anteriormente  pela petrolífera portuguesa. Esta  janela refere-se ao período do ano entre Abril e Julho, pois só durante estes quatro meses é que estão reunidas as condições meteorológicas e marítimas ideais para proceder à perfuração na bacia do Alentejo.

O presidente da Galp, Carlos Gomes da Silva, garantiu recentemente que o projecto estava a correr conforme planeado. "Estamos a cumprir todo o nosso plano, como foi planeado", disse o responsável em Fevereiro após a apresentação do plano estratégico em Londres.

Apesar dos trabalhos de perfuração durarem 46 dias, a preparação arranca mais cedo. "As actividades de perfuração serão realizadas após um período de preparação logística do projecto. Esta preparação terá uma duração estimada de três meses (que inclui preparação do material e transporte do pessoal) e será desenvolvida na base logística de Sines, situada a cerca de 88 quilómetros do local da sondagem", explica a Eni no documento enviado à APA.

raio-x

Potenciais impactes do furo

No documento enviado à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a Eni prevê o potencial impacte da sua actividade e apresenta as medidas de mitigação a serem aplicadas de forma a reduzi-lo.

Emissões poluentes

A Eni prevê um "aumento das emissões de gases de escape a partir dos geradores e motores do navio-sonda e dos navios de apoio, bem como do helicóptero". A Eni aponta que, devido ao projecto ser temporário e com o contributo dos "processos de diluição e dispersão atmosférica", os "impactes das emissões de gases de escape na qualidade do ar são considerados baixos".

Ruído aéreo
Em relação ao ruído aéreo das actividades de perfuração, a Eni diz que o mesmo "será limitado à zona marinha" da sondagem "pelo que não está previsto qualquer aumento da perturbação e redução do bem-estar das populações nas zonas costeiras".

Qualidade da água
A Eni garante que o potencial impacte na qualidade da água, durante as actividades de perfuração da sondagem, será baixo. Também o impacte na qualidade da água durante as actividades de mobilização, posicionamento e desmobilização será "baixo".

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