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EDP Renováveis avisa que Portugal corre o risco de ficar para trás nas renováveis

O país tem investido fortemente na energia eólica nos últimos anos, mas com o aproximar do fim das tarifas bonificadas e o envelhecimento das centrais, a energética diz que só é possível proceder à renovação das centrais eólicas com nova legislação.

16 de Novembro de 2016 às 16:00
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Portugal corre o risco de deixar de ser um campeão nas renováveis na próxima década. O alerta foi deixado pela EDP Renováveis na conferência anual da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN).

 

Até 2023 metade da potência instalada de energia eólica em Portugal deixa de ter tarifa bonificada (feed-in tariff) e a electricidade passa a ser vendida directamente ao mercado. Só que estas centrais terão atingido por esta altura o limite da sua vida útil (20 anos), em que a produção diminui e os custos de operação e manutenção aumentam.

 

E é aqui que os promotores têm de escolher uma de três opções: ou fecham as centrais; ou estendem a vida útil substituindo algum do equipamento; ou fazem o "repowering", que passa pela substituição total das turbinas antigas por novas, aumentando também a potência das centrais.

 

A EDP Renováveis acredita que o futuro da energia eólica em Portugal passa, precisamente, pelo "repowering". Só que para fazer isto falta aprovar "um quadro regulatório que transmita confiança aos investidores e que os estimule a modernizar os seus activos eólicos", segundo a apresentação da EDP Renováveis durante a conferência da APREN que teve lugar esta quarta-feira, 16 de Novembro.

 

"Portugal até agora tem resistido a criar legislação para permitir que o parque eólico continue a funcionar através do "repowering"", apontou o administrador da EDP Renováveis, António Lobo Gonçalves, à margem da apresentação. 

 

Questionado sobre se Portugal corre o risco de ficar para trás nas renováveis, o gestor não tem dúvidas. "Seguramente, porque Portugal só consegue cumprir as metas comunitárias com a eólica. E mesmo o acordo de Paris só é possível com eólicas. Portanto, não pode perder esses activos e para não perder tem dois caminhos: ou a extensão da vida útil ou o "repowering".

 

Os dados mais recentes apontam que as renováveis foram responsáveis por produzir 60% do total de electricidade em Portugal nos primeiros dez meses deste ano. O primeiro-ministro foi à cimeira das alterações climáticas em Marraquexe dizer que Portugal é um país "exemplo" na aposta nas energias renováveis. 

 

Pela sua parte, o administrador da EDP Renováveis defende que o Governo tem de avançar para a criação de um novo quadro regulatório para as eólicas. "Portugal tem resistido a esse desafio, mas agora tem todas as condições para o fazer. Existe até uma directiva europeia que diz que se deve criar condições para facilitar o repowering".

 

O regime actual, através das "feed-in tariff", prevê que a electricidade produzida nas centrais eólicas seja remunerada a um valor acima do preço da electricidade no mercado. Para o futuro, a EDP Renováveis acredita que a solução regulatória para o "repowering" deveria passar pelos CFD ("contracts for difference"), muito utilizados no Reino Unido- Nestes contratos, é definido primeiro uma tarifa fixa por megawatt/hora durante 15/20 anos. Depois, a energia produzida pela central é vendida a preço de mercado. E no final do ano, se o valor anual tiver ficado abaixo da tarifa definida, o sistema devolve o dinheiro; se ficar acima, a produtora devolve o dinheiro.

 

"Mesmo a União Europeia quer acabar com as "feed-in tariff", porque a tecnologia já é competitiva, mas tem que haver uma garantia de remuneração", como os CFD, apontou o gestor.

 

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