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EDP está a explorar locais para instalar centros de dados em Portugal e Espanha, diz CEO

"Mesmo sem um PPA, um centro de dados em Portugal pode ter 75% de energia renovável. Trata-se de um grande cartão de visita para muitos investidores internacionais e esperamos tirar partido disso", disse Stilwell numa "call" com analistas.

Miguel Stilwell d’Andrade apela aos Estados-membros que apostem mais em renováveis.
Duarte Roriz
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Apesar de a Europa "estar dois anos atrasada em relação aos Estados Unidos" no que diz respeito ao desenvolvimento de centros de dados, a EDP está já de olho nesta oportunidade deste lado do Atlântico, a começar pela Península Ibérica, garantiu esta sexta-feira o CEO da elétrica Miguel Stilwell d'Andrade, numa conversa telefónica com analistas. 

"As oportunidades de crescimento dos centros de dados na Península Ibérica têm sido muito faladas. Estamos atualmente a explorar vários locais para alojar centros de dados aqui e temos mais de 2 GW de oportunidades de acesso rápido às redes elétricas, o que inclui cerca de 400 MW de ligações já asseguradas, disse o responsável, garantindo que recebe "muitas chamadas sobre este assunto", a perguntar se há ligação à rede e se a EDP assegura o fornecimento de energia renovável ou 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Stlwell confirma que "o crescimento dos centros de dados na Europa está menos avançado do que nos EUA" - apesar de a "onda" estar agora a chegar com mais força -, mas ainda assim a EDP vê um "potencial de crescimento muito forte na Península Ibérica". 

Além das ligações à rede que a empresa diz garantir em Portugal e Espanha, os dois países têm uma "abundância em energia a preços controlados, sendo um ótimo local para investimentos em energias renováveis".

"Estamos bem posicionados para aproveitar esta oportunidade", garantiu, lembrando o "bom historial" da empresa em termos de assinaturas de contratos de venda de energia. "Estamos a assistir a uma procura crescente. Só este ano, já assinámos mais de 1,6 GW de PPA, sendo que mais de 65% destes acordos foram celebrados com grandes empresas tecnológicas. É óbvio que muito disto foi nos EUA, mas em Portugal e Espanha também temos ativos estrategicamente e muitos pontos de ligação à rede que para a instalação de centros de dados", explicou. 

Stilwell referiu ainda que, para a EDP, a grande procura atual das empresas por locais para instalar centros de dados com energia barata, significa "mais investimento nas redes, mais procura de energia no sistema elétrico, o que ajuda também a baixar os custos". 

"Mesmo sem um PPA, um centro de dados em Portugal pode ter 75% de energia renovável. Trata-se de um grande cartão de visita para muitos investidores internacionais e esperamos tirar partido disso. Estamos já a trabalhar em conjunto com diferentes autoridades de investimento para promover a atração destes centros de dados". 

No que diz respeito à necessidade de investimento em redes elétricas, o CEO diz que "é uma evidência". "Estamos à espera de um aumento significativo do investimento. Temos ativos que precisam de ser modernizados e que estão perto do fim da sua vida útil, uma vez que houve um grande impulso da eletrificação nos anos 70 e muitos desses activos têm agora quase 40 anos. Cerca de 45% do parque de transformadores no país tem essa idade. A EDP está disposta a reforçar o seu investimento em redes", disse Stilwell, confirmando um aumento de 50% neste investimenro entre 2026 e 2030, de mil milhões para 1,5 mil milhões de euros, estando a proposta prestes a entrar em consulta pública. 

No entanto, frisou o baixo rendimento para empresa que tem esta atividade regulada em Portugal: 5,5% de retorno sobre o investimento feito, uma das taxas mais baixas da Europa e abaixo dos 5,6% em Espanha. 

"A remuneração deve incentivar o investimento nas redes eléctricas. E acreditamos que o regulador concorda que é urgente, que esta taxa de retorno seja aumentada", disse, deixando o recado à ERSE.

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