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Decisão da Galp de suspender produção em Matosinhos "não surpreende"

Com margens de refinação negativas e procura fraca, a Galp tem poucos incentivos para produzir combustíveis no atual contexto, diz o CaixaBank/BPI.

Paulo Duarte/Negócios
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O anúncio efetuado na terça-feira por parte da Galp Energia de suspender a produção de combustíveis na refinaria de Matosinhos "não é surpreendente", escrevem os analistas do CaixaBank/BPI na nota diária publicada esta manhã.

 

A Galp Energia suspendeu no passado dia 10 de outubro a atividade de produção de combustíveis na refinaria de Matosinhos, em resposta ao impacto da crise da covid-19 e, consecutivamente, na atividade económica e na procura de combustíveis.

 

A decisão "não é surpreendente", pois "na segunda-feira a empresa revelou que a sua margem de refinação no terceiro trimestre foi negativa em 0,7 dólares por barril, o que denota os limitados incentivos económicos para produzir no atual contexto" em que a procura está a ser assegurada pelos stocks existentes e pela atividade da refinaria de Sines.

 

As ações da cotada seguem estáveis em bolsa, com uma valorização de 0,05% para 8,238 euros e a recuperarem de uma queda de cerca de 1% na abertura da sessão. O CaixaBank/BPI tem uma recomendação de "neutral" para as ações da Galp, com um preço-alvo de 12 euros.

 

A Galp já tinha suspendido a produção nas suas refinarias no pico da quebra da procura de combustível devido ao confinamento. No segundo trimestre as duas refinarias estiveram a operar a cerca de metade da sua capacidade de e no terceiro trimestre a cerca de 70%. A unidade de Matosinhos tem capacidade para refinar 110 mil barris de petróleo por dia, cerca de metade de Sines.

 

Os analistas do CaixaBank/BPI lembram que em julho a gestão da Galp já tinha avisado que a operação das refinarias iria ter em conta a evolução da economia e o ambiente de mercado. "O negócio de refinação apresenta fundamentais muito fracos com um nível elevado de inventários e uma fraca procura", enquanto as cotações dos futuros da matéria-prima "não estão a sinalizar uma recuperação clara".

 

A Galp assegurou que a decisão de suspender a produção em Matosinhos não coloca em causa o abastecimento do mercado nacional e não terá "impacto nos colaboradores da Galp afetos a essa atividade".

 

Quanto às previsões de retoma da produção, a empresa refere não avança com datas, respondendo apenas que "monitoriza diariamente as condições de mercado e adequa os planos operacionais em função da sua evolução, garantindo a sustentabilidade das suas atividades e o abastecimento dos seus clientes".

 

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