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Consumo de gás para produzir energia elétrica só caiu 6,5% em cinco meses
Famílias, empresas e indústrias conseguiram reduzir o seu consumo de gás em 23,4% desde agosto de 2022. No entanto, no consumo, para produção de energia através das centrais termoelétricas, foi verificada uma poupança de apenas 6,5% em cinco meses.
Entre agosto de 2022 e janeiro de 2023 Portugal registou uma redução de 16,7% no consumo global de gás, face à média histórica dos últimos cinco períodos homólogos. A meta definida pela Comissão Europeia era de uma redução de 15% até março 2023. As conclusões são do 5.º relatório de progresso do Plano de Poupança de Energia 2022-2023 (PPE), publicado esta quarta-feira pela Adene - Agência para a Energia.
Este decréscimo fez-se sentir sobretudo na vertente de consumo convencional (pelas famílias, empresas e indústrias), com uma redução de 23,4%. No entanto, na componente de consumo, para produção de energia através das centrais termoelétricas, foi verificada uma poupança de apenas 6,5% em cinco meses.
Pouco impressionante neste momento é também o progresso da contribuição da potência instalada solar fotovoltaica na Rede Nacional de Transporte para a redução do consumo de gás: a execução neste momento é de apenas 0,7% para uma meta de 9% de contribuição do solar para travar os gastos de gás no país.
No global, Portugal está nos 77,5% de execução da meta de 17% de redução do consumo de gás estabelecida no PPE 2022-2023 até ao final de 2023.
A Comissão Europeia já anunciou que pretende prorrogar, além deste mês de março, a meta para os Estados-membros reduzirem 15% do consumo de gás na União Europeia (UE) e também a obrigação de reduzir o consumo de eletricidade em horas de ponta.
"Já discuti com os ministros nacionais a vontade de prorrogar a obrigação de poupança de gás em 15%. Apresentaremos muito em breve esta proposta", anunciou a comissária europeia da Energia, Kadri Simson, acrescentando: "Com base nos nossos cálculos, se reduzirmos [o consumo de eletricidade] nas horas de ponta entre 5% a 10%, isso permite-nos reduzir 4% do consumo de gás na produção de energia.
Até 31 de março, os Estados-membros devem estipular 10% das suas horas de ponta, durante as quais deve ser reduzida a procura através de medidas adotadas ao nível nacional.
Voltando ao PPE 2022-2023 aprovado por Portugal, e no que diz respeito às medidas implementadas no âmbito dos avisos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), estas encontram-se executadas a 33,3% da meta traçada até ao final do ano 2022. O plano de poupança prevê uma meta de 2,4% de contribuição das medidas do PRR para a redução do consumo nacional de gás.
No âmbito da Administração Pública local, o 5º relatório indica que as três medidas mais implementadas pelos municípios passaram pela iluminação interior e exterior (aplicada por 103 municípios), climatização de espaços (95 municípios) e iluminação pública (77 municípios)
Do total de ações incluídas nas medidas preconizadas no PPE 2022-2023, verificou-se que o top 10 das ações mais implementadas pelos municípios inclui nove ações que incidem na área de energia (seis dedicadas à iluminação e três à climatização) e uma que incide na área da eficiência hídrica (incidindo na temática da redução do desperdício de água na rega), refere a Adene em comunicado.
A Agência para a Energia comunicou também que a partir desta quarta-feira, 15 de março, o Plano de Poupança de Energia (PPE) 2022-2023 passa a ter disponível um website para consulta de dados e informação sobre o Plano. O site apresenta os resultados mais recentes dos relatórios de progresso e inclui ainda um guia e dicas para a adoção de comportamentos mais eficientes visando a redução do consumo de energia e de água.
Estão também disponíveis para consulta os detalhes sobre os pactos sectoriais desenvolvidos entre as entidades-cúpula que representam os sectores abrangidos pelo Plano, a ADENE e o Governo, onde estão destacadas as medidas e ações específicas aplicáveis aos diferentes sectores de atividade abrangidos pelo PPE 2022-2023: Administração Pública Central, Administração Pública Local e Privado (indústria, comércio e serviços, e residencial).