Notícia
Apisolar manifesta “surpresa e indignação” com novas tarifas da microprodução
A associação representativa da indústria solar diz não compreender quem beneficia da actuação do Executivo e defende que os diplomas do Governo “apenas têm conseguido minar a confiança do mercado e provocado a destruição contínua de postos de trabalho”.
As tarifas aprovadas pelo Governo para novos projectos de microprodução de electricidade que sejam instalados em 2014 foram recebidas com “indignação” pela Associação Portuguesa da Indústria Solar (Apisolar), que acusa o Governo de, por via de “diplomas avulsos”, estar a provocar a destruição de postos de trabalho.
“A direcção da Apisolar vem por este meio manifestar a sua surpresa e indignação”, nota a associação num comunicado divulgado esta segunda-feira, em reacção ao despacho da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) que estabelece as tarifas da microprodução para o próximo ano, as quais, conforme o Negócios noticiou, traduzem um corte de 43% face à remuneração que havia sido concedida a novos projectos de microprodução em 2013.
O corte será mais acentuado no período dos primeiros oito anos de tarifas garantidas, sendo a redução tarifária mais ligeira nos sete anos seguintes. A Apisolar não compreende que para os primeiros oito anos os novos projectos de microprodução passem a ter uma remuneração 66% inferior à de instalações feitas em 2013.
“A tarifa para a microprodução com energia solar fotovoltaica reduz-se em 66%, relativamente aos valores atribuídos em 2013, passando a ser paga a 0,06€/KWh nos próximos 8 anos, sem qualquer actualização”, refere a Apisolar.
“Como é possível atribuir à energia solar uma tarifa 25% inferior à definida para a cogeração não-renovável, que continua a merecer uma proteção incompreensível. “Economia verde” é isto?”, questiona a associação que representa o sector da indústria solar.
A Apisolar não poupa críticas à actuação do Governo. “A Secretaria de Estado de Energia e a DGEG têm brindado o sector e o país com um conjunto de diplomas avulsos, que apenas têm conseguido minar a confiança do mercado e provocado a destruição contínua de postos de trabalho. Não compreendemos quem beneficia desta actuação. O País não é certamente”, aponta a associação.
Para a Apisolar, uma alternativa possível seria a regulamentação de unidades de microprodução para o auto-consumo, que permita aos seus proprietários produzir para si mesmos e apenas injectar na rede o excedente.
“Esperamos, desde meados de 2012, a publicação de um Decreto Lei que regulamente a instalação de microunidades de autoconsumo. O sector apenas reclama que permitam a injecção na rede dos excedentes de produção, remunerados a preço de mercado. Nada justifica tamanho atraso. Nada fazem, e nada deixam fazer”, critica a Apisolar.
A mesma entidade diz que no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional “estão parados centenas de projectos”, que não conseguem terminar a sua execução dado o vazio legal resultante da revogação do enquadramento legal das instalações de auto-consumo e da não publicação de nova legislação. “Este procedimento é indigno de uma Administração Pública responsável e ao serviço do país”, conclui a Apisolar, que diz já ter pedido a “intervenção urgente” do ministro da tutela, Jorge Moreira da Silva.