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AIE alerta que impasse da OPEP+ pode originar subida de preços dos combustíveis

A agência com sede em Paris mostra-se preocupada com a subida de preços do petróleo provocada pelo não acordo da OPEP+. Agora, alerta que se o cartel não chegar a um entendimento, os preços dos combustíveis podem começar a disparar.

A 1 de junho há nova reunião para avaliar se a evolução do mercado permite mais um aumento da oferta.
Nick Oxford/Reuters
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A Agência Internacional de Energia (AIE) alerta para um "aperto significativo" no mercado petrolífero, a menos que a OPEP+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados) retome chegue a um acordo para um aumento da produção. 

O impasse do grupo ameaça impor um "défice cada vez maior no abastecimento de petróleo", levando a uma "potencial subida de preços dos combustíveis, alimentar a inflação e prejudicar uma frágil recuperação económica", pode ler-se no seu relatório mensal.

A agência baseada em Paris diz que o excesso de stocks de petróleo que se acumulou durante a pandemia tem vindo a ser eliminado e os novos inventários estão abaixo dos níveis médios. Enquanto isso, a procura mundial deve recuperar em 5,4 milhões de barris por dia este ano, em relação à queda sem registada em 2020.

"O robusto crescimento económico global, o aumento das taxas de vacinação e as medidas de redução do distanciamento social são uma combinação para sustentar uma maior procura global por petróleo no resto do ano", adianta. 

Em Portugal, os preços dos combustíveis estão já a negociar em máximos de vários anos. Os preços de gasóleo e gasolina estão a conhecer uma escalada em 2021, depois de no ano passado terem caído a pique devido às restrições impostas para conter o avanço da pandemia. Atestar um carro a gasolina sai 25 cêntimos mais caro, a cada litro, aos portugueses. No gasóleo, a diferença é de 18 cêntimos, face a dezembro de 2020.

Neste fim de semana, várias dezenas de pessoas manifestaram-se pelas ruas de Lisboa contra o preço dos combustíveis, com a organização a considerar a situação "insuportável e insustentável" para o país e a exigir uma redução dos valores.







OPEP+ em "águas de bacalhau"

Os membros da OPEP+ cancelaram o seu encontro deste mês, uma vez que a oposição dos Emirados Árabes Unidos (EAU) não permitiu qualquer acordo. E como todos os acordos da OPEP+ requerem uma aprovação por unanimidade, a reunião foi cancelada e não foi agendada data para o próximo encontro.

A OPEP+ pretende lançar mais crude no mercado em agosto e prolongar a duração deste acordo de corte da produção – mas os EAU discordam desta extensão do pacto nos atuais moldes. O país diz que concorda com o nível do aumento da produção mas que só dão luz verde à extensão do acordo até ao fim de 2022 se houver uma revisão da base de referência (baseline) dos cortes – isto é, o nível de produção inicial a partir do qual se calculam as reduções que cabem a cada país.

 

E porquê? Porque os EAU reclamam que na base de referência dos cortes tem de haver uma atualização da sua atual capacidade de produção. Este membro da OPEP quer que a sua produção de base, usada nos cálculos do corte de oferta, seja de 3,8 milhões de barris por dia e não os 3,168 milhões de barris diários que estão definidos. Se a redução de produção que lhe couber for calculada a partir de uma baseline superior, isso significa que os EAU não terão de proceder a um corte tão pronunciado – e é precisamente isso que desejam.

 

Os Emirados Árabes Unidos têm planos ambiciosos de aumento da produção e investiram milhares de milhões de dólares no reforço da sua capacidade. Mas o acordo de retirada de crude do mercado que vigora na OPEP+ deixou os EAU com cerca de 30% da sua capacidade de produção parada, explicaram à Reuters fontes familiarizadas com este processo.

 

Depois de colocarem no mercado mais 2,1 milhões de barris por dia nos primeiros sete meses do ano, a proposta que a OPEP+ quer ver avançar aponta para um aumento das exportações em mais dois milhões de barris diários entre agosto e dezembro. Ou seja, 400.000 barris por dia em cada mês – prosseguindo assim o movimento de abertura das suas torneiras, mas de forma gradual.

 

Além disso, está também em cima da mesa a possibilidade de o acordo de corte da oferta poderá ir além de abril de 2022 – para que não entrem até essa data no mercado os quase seis milhões de barris que os membros da OPEP+ ainda mantêm no subsolo, já que há ainda grandes incertezas, nomeadamente a de uma retoma global desequilibrada e a possibilidade de a variante delta do coronavírus continuar a aumentar o número de infeções.

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