O presidente da Portugal Telecom disse hoje em conferência de imprensa que os 10,50 euros oferecidos pela Sonaecom "continuar a ser claramente insuficiente", classificando a proposta de Paulo Azevedo de "inaceitável e inadequada".

Na conferência de imprensa desta noite, o presidente da Portugal Telecom (PT) [PTC] considerou o preço de 10,50 euros oferecido pela Sonaecom de "inaceitável", considerando que a oferta "continua, no seu conjunto, a ser inadequada".

"Não defende o interesse dos ‘stakeholder’ da PT. Continua afastado do real valor da empresa", segundo Henrique Granadeiro.

O presidente afirmou ainda que a Sonaecom esteve durante 12 meses a dizer que a PT "não valia sequer os 9,50 euros" e que em menos de um mês "desmentiu tudo e subiu o preço da oferta em 11%".

De acordo com a mesma fonte, a Sonaecom continua sem partilhar as sinergias da operação com os accionistas da PT. Para Granadeiro, este valor [das sinergias] "está na capitalização bolsista da Sonaecom" que tem vindo a subir desde o anúncio da OPA.

"O mercado não é estúpido"

Henrique Granadeiro, presidente do Grupo PT, referiu na conferência de imprensa sobre a nova defesa, que os 10,5 euros por acção da Sonaecom continuam a não atribuir aos accionistas da PT as sinergias esperadas pela fusão das empresas - que a PT estima em entre 2,5 e 2,9 mil milhões de euros.

"Essas sinergias são totalmente incorporadas pela Sonaecom e pelo Grupo Sonae" referiu o presidente da PT. "A Sonaecom e o Grupo Sonae valorizaram 2,3 mil milhões de euros desde o lançamento da OPA... É aqui onde estão as sinergias!" referiu Granadeiro.

"O mercado não é estúpido e esta valorização das empresas Sonae mostra que os investidores sabem perfeitamente que as sinergias são todas para a Sonae. Que outras razões há para uma valorização assim?" questionou mesmo.

Pelas contas ontem apresentadas pela PT, a boa "performance" registada pela empresa no último ano "comeu" quase por completo a subida de um euro no preço da OPA avançada pela Sonae.

PT "recicla" accionistas

A PT aproveitou a nova defesa para avançar com uma proposta que vai ajudar a blindar-se a novas OPA hostis. O Grupo vai avançar com uma recompra de 16,5% das suas acções, o que, segundo Granadeiro, tem como objectivo "transformar a estrutura accionista, privilegiando os investidores de longo-prazo".

A recompra de acções poderá ser feita em bolsa, através dos fundos que estão na PT a curto-prazo ou mesmo através da aquisição da posição de algum accionista "antigo".

Com esta operação a posição dos accionistas que não venderem irá aumentar, pelo que a PT terá que ou alterar os seus estatutos - para permitir posições acima de 10% - ou então respeitar os estatutos e "forçar" os accionistas com mais de 10% a vender as acções acima deste limite. "Qualquer opção está em aberto", adiantou Granadeiro.