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Sonae quer mais esclarecimentos sobre aumento de capital da Portucel
A Sonae absteve-se hoje na votação da proposta dos critérios que determinarão o parceiro estratégico e que entrará na estrutura accionista da Portucel, através de aumento de capital, por querer mais informação sobre os mesmos.
A Sonae que, com a brasileira Suzano, controla 29% da Portucel «vai fazer um pedido de informação (sobre o aumento de capital) por escrito ao conselho de administração» da Portucel, disse Osório de Castro à saída da AG, que considerou não ter sido suficiente para dissipar as dúvidas sobre a entrada do parceiro estratégico.
No entanto, todos os pontos colocados à consideração dos accionistas, onde o Estado é maioritário com 56% do capital, foram aprovados.
Para este responsável, o importante será a próxima AG da Portucel [PTCL] para aprovar e ratificar o reforço de capital através do qual entrará o novo parceiro estratégico.
O representante da Sonae considerou mesmo «insólita» esta reunião de accionistas, por apenas definir os critérios do aumento de capital.
O Estado prevê alienar parte da Portucel para entrada de uma empresa do sector de pasta e papel em troca de activos na indústria ou acções/participações nesse ramo de actividade, através de um aumento de até 25% do capital.
Os activos do congénere serão avaliados através da análise de fluxos de caixa descontados (DCF), múltiplos de mercado de empresas de mercado comparáveis, múltiplos de transacção precedente e outros métodos que permitam aferir o valor acrescentado económico das entradas a realizar.
As propostas terão em conta «um adequado projecto estratégico em coerência com a reorganização da Portucel (...) e o reforço da afirmação internacional» da empresa nacional, de acordo com a proposta apresentada aos accionistas pelo conselho de administração, a que o Negocios.pt teve acesso no final da reunião.
Neste âmbito, os candidatos terão que fomentar o aumento da produção e comercialização da pasta e do papel, além do reforço da presença da empresa nos mercados nacionais e internacionais.
O projecto apresentado terá ainda que impulsionar o crescimento da actividade da Portucel ao nível das exportações. Um dos critérios a ter em conta na avaliação das propostas será a «manutenção da localização do seu (Portucel) centro de decisão efectiva em Portugal.
Os projectos a ser apresentados têm que trazer «um reforço da capacidade económica e financeira» para a pasteira e continuar o plano de reflorestação nacional, para além de criarem um sistema eficaz de conservação da floresta.
Será ainda tido em conta o reforço e estabilidade da estrutura accionista e a garantia da sustentabilidade de uma posição de relevância ao nível da pasta de papel a nível internacional, além da experiência em gestão de empresas do sector.
Estes critérios, apesar da abstenção da Sonae [SON], foram aprovados pela maioria do capital presente na AG.
Os accionistas aprovaram ainda que a sociedade Amável Calhau, Ribeiro da Cunha e Associados seja o Revisor Oficial de Contas (ROC) a quem caberá proceder à certificação das entradas em espécie do concorrente vencedor.
AG aprova Álvaro Barreto e Moreira da Silva para administração; Cofina contraA AG procedeu à eleição de dois novos vogais do Conselho de Administração para exercerem o mandato até à concretização da privatização. Álvaro Barreto, ex-presidente da Soporcel [SOPO]– empresa adquirida pela Portucel – e Carlos Moreira da Silva, presidente da Barbosa & Almeida [BBA] – controlada pela Sonae – ocuparão os cargos, com o CA a alargar-se dos anteriores cinco membros para os actuais sete. Este foi o único ponto que a empresa liderada por Belmiro de Azevedo votou favoravelmente, sendo que nos restantes absteve-se.
A Cofina [COFI], com 1% da Portucel e uma das candidatas à privatização da empresa, «votou contra esta eleição», disse Paulo Fernandes, presidente da Cofina, no final da AG. A Cofina é responsável pela publicação do Negocios.pt, «Jornal de Negócios». «Record» e «Correio da Manhã», entre outros.
O responsável explicou o sentido de voto por «considerar estranho» a eleição de dois novos membros para o CA três meses antes da nova fase de privatização.
Paulo Fernandes afirmou que não compreende a medida, «a menos que se queira influenciar a privatização».
A Semapa [SEMA], que também esteve presente na AG da Portucel, absteve-se nesta deliberação, disse o presidente Pedro Queirós Pereira, após a reunião.
AG aprova contas e dividendo de 0,0315 euros por acçãoOs accionistas aprovaram o relatório e contas de 2002 e a distribuição de um dividendo ilíquido de 0,0315 euros por acção, mais 5% do que o pago no ano anterior. No final de 2002, a Portucel registou lucros de 89,5 milhões de euros, mais 25% do que em 2001.
Para completar a próxima fase de privatização, falta ainda ser publicado o caderno de encargos e a realização de nova AG para aprovar a entrada do candidato vencedor. Em Setembro, o Governo espera concluir uma venda directa de 15% da empresa a investidores institucionais, ainda no âmbito desta fase de privatização.
Esta AG de hoje «é um tiro de partida para o processo de privatização que (já) corre» disse Jorge Armindo, presidente da Portucel no final da reunião.
Apesar de algumas abstenções e votos contra, todos os pontos da ordem de trabalhos, acima mencionados, foram aprovados.
As acções da Portucel fecharam nos 1,22 euros, a subir 1,67%.
Por Bárbara Leite