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Sonae quer mais esclarecimentos sobre aumento de capital da Portucel

A Sonae absteve-se hoje na votação da proposta dos critérios que determinarão o parceiro estratégico e que entrará na estrutura accionista da Portucel, através de aumento de capital, por querer mais informação sobre os mesmos.

31 de Março de 2003 às 19:14
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A Sonae absteve-se hoje na votação da proposta dos critérios que determinarão o parceiro estratégico e que entrará na estrutura accionista da Portucel, através de um aumento de capital, por querer mais informação sobre os mesmos, revelou aos jornalistas Osório de Castro, representante legal da empresa liderada por Belmiro, à saída da Assembleia Geral da papeleira.

A Sonae que, com a brasileira Suzano, controla 29% da Portucel «vai fazer um pedido de informação (sobre o aumento de capital) por escrito ao conselho de administração» da Portucel, disse Osório de Castro à saída da AG, que considerou não ter sido suficiente para dissipar as dúvidas sobre a entrada do parceiro estratégico.

No entanto, todos os pontos colocados à consideração dos accionistas, onde o Estado é maioritário com 56% do capital, foram aprovados.

Para este responsável, o importante será a próxima AG da Portucel [PTCL] para aprovar e ratificar o reforço de capital através do qual entrará o novo parceiro estratégico.

O representante da Sonae considerou mesmo «insólita» esta reunião de accionistas, por apenas definir os critérios do aumento de capital.

O Estado prevê alienar parte da Portucel para entrada de uma empresa do sector de pasta e papel em troca de activos na indústria ou acções/participações nesse ramo de actividade, através de um aumento de até 25% do capital.

Os activos do congénere serão avaliados através da análise de fluxos de caixa descontados (DCF), múltiplos de mercado de empresas de mercado comparáveis, múltiplos de transacção precedente e outros métodos que permitam aferir o valor acrescentado económico das entradas a realizar.

As propostas terão em conta «um adequado projecto estratégico em coerência com a reorganização da Portucel (...) e o reforço da afirmação internacional» da empresa nacional, de acordo com a proposta apresentada aos accionistas pelo conselho de administração, a que o Negocios.pt teve acesso no final da reunião.

Neste âmbito, os candidatos terão que fomentar o aumento da produção e comercialização da pasta e do papel, além do reforço da presença da empresa nos mercados nacionais e internacionais.

O projecto apresentado terá ainda que impulsionar o crescimento da actividade da Portucel ao nível das exportações. Um dos critérios a ter em conta na avaliação das propostas será a «manutenção da localização do seu (Portucel) centro de decisão efectiva em Portugal.

Os projectos a ser apresentados têm que trazer «um reforço da capacidade económica e financeira» para a pasteira e continuar o plano de reflorestação nacional, para além de criarem um sistema eficaz de conservação da floresta.

Será ainda tido em conta o reforço e estabilidade da estrutura accionista e a garantia da sustentabilidade de uma posição de relevância ao nível da pasta de papel a nível internacional, além da experiência em gestão de empresas do sector.

Estes critérios, apesar da abstenção da Sonae [SON], foram aprovados pela maioria do capital presente na AG.

Os accionistas aprovaram ainda que a sociedade Amável Calhau, Ribeiro da Cunha e Associados seja o Revisor Oficial de Contas (ROC) a quem caberá proceder à certificação das entradas em espécie do concorrente vencedor.

AG aprova Álvaro Barreto e Moreira da Silva para administração; Cofina contra

A AG procedeu à eleição de dois novos vogais do Conselho de Administração para exercerem o mandato até à concretização da privatização. Álvaro Barreto, ex-presidente da Soporcel [SOPO]– empresa adquirida pela Portucel – e Carlos Moreira da Silva, presidente da Barbosa & Almeida [BBA] – controlada pela Sonae – ocuparão os cargos, com o CA a alargar-se dos anteriores cinco membros para os actuais sete. Este foi o único ponto que a empresa liderada por Belmiro de Azevedo votou favoravelmente, sendo que nos restantes absteve-se.

A Cofina [COFI], com 1% da Portucel e uma das candidatas à privatização da empresa, «votou contra esta eleição», disse Paulo Fernandes, presidente da Cofina, no final da AG. A Cofina é responsável pela publicação do Negocios.pt, «Jornal de Negócios». «Record» e «Correio da Manhã», entre outros.

O responsável explicou o sentido de voto por «considerar estranho» a eleição de dois novos membros para o CA três meses antes da nova fase de privatização.

Paulo Fernandes afirmou que não compreende a medida, «a menos que se queira influenciar a privatização».

A Semapa [SEMA], que também esteve presente na AG da Portucel, absteve-se nesta deliberação, disse o presidente Pedro Queirós Pereira, após a reunião.

AG aprova contas e dividendo de 0,0315 euros por acção

Os accionistas aprovaram o relatório e contas de 2002 e a distribuição de um dividendo ilíquido de 0,0315 euros por acção, mais 5% do que o pago no ano anterior. No final de 2002, a Portucel registou lucros de 89,5 milhões de euros, mais 25% do que em 2001.

Para completar a próxima fase de privatização, falta ainda ser publicado o caderno de encargos e a realização de nova AG para aprovar a entrada do candidato vencedor. Em Setembro, o Governo espera concluir uma venda directa de 15% da empresa a investidores institucionais, ainda no âmbito desta fase de privatização.

Esta AG de hoje «é um tiro de partida para o processo de privatização que (já) corre» disse Jorge Armindo, presidente da Portucel no final da reunião.

Apesar de algumas abstenções e votos contra, todos os pontos da ordem de trabalhos, acima mencionados, foram aprovados.

As acções da Portucel fecharam nos 1,22 euros, a subir 1,67%.

Por Bárbara Leite

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