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Setor da aviação tem de investir dois biliões em combustível sustentável até 2050

Um estudo da consultora Bain & Company revela que, para produzir entre 135 e 250 milhões de toneladas métricas de SAF até 2050, o setor da aviação terá de investir 2,1 biliões de dólares.

O aumento da procura para níveis próximos de 2019 e o atraso na entrega de aviões fazem com que a atual frota da TAP seja insuficiente.
Miguel Baltazar
12 de Junho de 2023 às 12:25
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O cenário é o mais otimista possível. Até 2050, as companhias aéreas poderão conseguir uma redução de cerca de 70% das suas emissões totais se melhorarem a eficiência dos motores e dos aviões, se adotarem o uso de combustível sustentável para a aviação (SAF, na sigla em inglês), se otimizarem a operação dos aviões tanto em terra como no ar, e tudo isto somado ao aparecimento de novos aparelhos movidos hidrogénio ou eletricidade. A conclusão é do mais recente estudo da consultora global Bain & Company - "A Realistic Path to Net-Zero Emissions for Commercial Aviation".

Destas soluções de descarbonização, o uso de combustível sustentável em larga escala é apontado como tendo um potencial de redução das emissões na ordem dos 23%. No entanto, sem uma mudança nas atuais políticas governamentais de apoio à produção de SAF, esta poderá limitar-se a 135 milhões de toneladas métricas em 2050, apenas 35% da procura global projetada para o combustível destinado à aviação nessa altura.  

O estudo revela que, para produzir entre 135 e 250 milhões de toneladas métricas de SAF até 2050, o setor da aviação terá de investir 1,95 biliões de euros (ou 2,1 biliões de dólares) só para cumprir as metas de redução de emissões. 

Tendo em conta este cenário, as companhias aéreas que quiserem cumprir os objetivos de neutralidade carbónica vão ter de começar a aumentar os preços dos bilhetes. Este custo da descarbonização no transporte aéreo poderá assim começar a ter impacto no valor dos bilhetes de avião já em 2026, o que em última análise contribuirá para reduzir em 3,5% a procura global e o número de viajantes até ao final da década.  

Da mesma forma, devido ao elevado custo do SAF, que em 2050 será duas a quatro vezes mais caro face ao custo médio histórico do atual combustível para aviação (jet fuel) e aos altos custos de manutenção de novos aviões, os custos do setor em todo o mundo poderão aumentar em 18% até 2050.

"Devido ao contínuo aumento do tráfego aéreo, as companhias aéreas estão sob pressão crescente para alcançarem os seus objetivos de zero emissões líquidas até 2050. Além disso, é pouco provável que muitas das tecnologias que a indústria necessita para descarbonizar estejam a funcionar em larga escala até 2050", disse Manuel de Soto, partner da Bain & Company, em comunicado. 

O responsável acredita que "os líderes do setor vão impulsionar estratégias para garantir um fornecimento acessível de combustíveis sustentáveis, enquanto tratam de mitigar o aumento dos seus custos operacionais e gerir os impactos da redução da procura em resultado dos preços mais elevados."

Tal como a consultora assinala no seu estudo, políticas governamentais mais ambiciosas podem aumentar significativamente a oferta de SAF, tais como oferecer incentivos às refinarias de biocombustíveis, dar prioridade à aviação no acesso a matérias-primas descarbonizadas e direcionar o hidrogénio verde para as refinarias de SAF, para otimizar a sua produção.

Com estas políticas, a produção total de combustíveis sustentável para a aviação pode mesmo chegar a atingir 60% da procura mundial, em vez de apenas 35%.
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