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A Força Aérea dos EUA (Air Force) está a investir num projeto de aeronave inovador que reduzirá o consumo de combustível em cerca de 50%, bem como as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e o ruído, proporcionando uma melhor experiência aos passageiros das companhias aéreas, informa em comunicado.
A Air Force selecionou a empresa JetZero para a próxima fase de construção do protótipo de aeronave com corpo de asa combinado ("blended wing body" – BWB). O objetivo é amadurecer esta tecnologia e demonstrar as suas capacidades para inovar a indústria comercial da aviação.
Com um design que difere de uma aeronave tradicional de tubo e asa, a BWB funde o corpo da aeronave com a asa, diminuindo a resistência aerodinâmica em pelo menos 30% e proporcionando uma elevação adicional. Esta maior eficiência permitirá um maior alcance, maior "loiter time" (fase de sobrevoo de uma região) e uma maior eficácia na entrega da carga útil, pode ler-se na nota.
"As aeronaves BWB têm o potencial de reduzir significativamente a necessidade de combustível e aumentar o alcance global", refere o secretário da Força Aérea, Frank Kendall.
Várias configurações de transporte são possíveis com o BWB. "Passaram pouco mais de 100 anos desde que alguns corajosos aviadores subiram aos céus e provaram a primeira capacidade de reabastecimento aéreo, alargando o alcance global da nossa Força Aérea. Este anúncio assinala mais um marco decisivo para a Força Aérea nos nossos esforços para manter a vantagem da eficácia do poder aéreo face a quaisquer futuros concorrentes", afirmou Ravi Chaudhary, secretário adjunto da Força Aérea para a Energia, Instalações e Ambiente, na mesma nota.
Embora o conceito de BWB já exista há décadas, os avanços tecnológicos mais recentes em termos de conceção estrutural, tecnologia de materiais, fabrico e outras áreas tornaram possível a produção em grande escala.
A indústria comercial, incluindo as companhias aéreas de passageiros e as empresas de transporte aéreo de mercadorias, beneficiam do desenvolvimento desta tecnologia, aumentando também o espaço disponível na cabina ou na carga e reduzindo os custos operacionais de combustível.
Num outro comunicado, a JetZero destacou a importância que este modelo tem para a descarbonização da indústria da aviação, na medida em que o tráfego aéreo está a crescer a uma taxa de 3,6% ao ano e prevê-se que a frota global de companhias aéreas quase duplique para perto de 48 mil aeronaves até 2041.
A empresa selecionada pela Air Force pretende desempenhar um papel essencial na redução da pegada de carbono do setor, uma vez que a aeronave de asa mista se presta também a ser convertida no futuro para propulsão a hidrogénio, o que produziria zero emissões de carbono.
"A BWB é o melhor primeiro passo no caminho para as zero emissões de carbono. Oferece um consumo de combustível 50% inferior utilizando os motores atuais e a eficiência da estrutura necessária para apoiar a transição para uma propulsão com emissões zero de carbono no futuro", afirmou o CEO da JetZero, Tom O'Leary. "Nenhum outro avião proposto se aproxima em termos de eficiência", acrescentou.
A JetZero receberá 235 milhões de dólares durante um período de quatro anos para o projeto. A Força Aérea dos EUA prevê a conclusão dos primeiros ensaios de voo já em 2027.